Agronegócio

Queda de 3,68% em setembro agrava margens dos produtores de leite

Em outubro, referente à produção de setembro, a queda foi de 3,68% no Estado; na comparação com igual período de 2024, a retração é ainda maior, com redução de 15,71%
Queda de 3,68% em setembro agrava margens dos produtores de leite
É o sexto mês consecutivo de baixa nas cotações no campo, e a expectativa é que essa tendência persista até o final do ano | Foto: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

A produção de leite em Minas Gerais enfrenta um cenário desafiador com o preço médio recuando mais uma vez. Em outubro, referente à produção de setembro, a queda de preço ao produtor chegou a 3,68%, com a cotação do litro atingindo R$ 2,52. Se comparado com o valor praticado em igual período de 2024, a retração dos preços chega a 15,71% em Minas Gerais. A queda verificada no Estado segue o movimento nacional de desvalorização, o que tem comprometido as margens dos produtores e gerado preocupação quanto à sustentabilidade da atividade.

Este é o sexto mês consecutivo de baixa nas cotações no campo, e a expectativa é que essa tendência persista até o final do ano, impulsionada por um mercado doméstico amplamente abastecido.

De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na média Brasil, assim como visto em Minas Gerais, o preço do leite no campo registrou uma queda de 3,78% no pagamento de outubro, referente à produção de setembro, chegando a R$ 2,44 por litro. Em termos reais, a desvalorização acumulada em relação a 2024 é de 19%.

Conforme a pesquisadora do Cepea, Natália Gringol, diversos fatores têm contribuído para a atual pressão de baixa nos preços do leite. Entre eles estão o aumento da produção, o crescimento das importações e um consumo estagnado.

“Há um crescimento consistente da produção em 2025, sustentado por investimentos realizados após margens mais favoráveis em 2024. A sazonalidade da primavera e do verão, com melhora das pastagens, também impulsiona a oferta de leite. Essa abundância de oferta tem mantido o mercado saturado. A produção segue em alta e sem sinais de desaceleração no curto prazo, enquanto o consumo permanece incapaz de crescer no mesmo ritmo, resultando em estoques elevados e em margens industriais comprimidas”, explicou a pesquisadora.

O crescimento da produção nacional de leite tem sido significativo. Conforme o Índice de Captação de Leite (ICAP-L), o volume captado subiu 5,8% em setembro, frente a agosto, e acumula alta de 12,2% no ano.

Quanto às importações, segundo o Cepea, a disponibilidade total de leite no mercado interno foi reforçada pelo aumento de 20% visto nas importações de lácteos em setembro. Ao todo, as importações chegaram a 198,1 milhões de litros em equivalente leite, sendo, que, deste volume, quase 80% correspondem ao leite em pó. No acumulado de janeiro a setembro, mesmo com queda de 4,8% frente ao mesmo intervalo de 2025, as importações somaram 1,65 bilhão de litros equivalentes, o que ainda é considerado alto pelos agentes do setor.

Em Minas Gerais, representantes do setor, junto com entidades nacionais, defendem que as importações do produto sejam barradas. O leite que chega ao Brasil tem como principais origens países do Mercosul – Argentina e Uruguai.

“A única medida efetiva para retornarmos o equilíbrio de mercado é a volta do processo antidumping contra o leite argentino e uruguaio. O produto importado tem aumentado a oferta de leite no mercado e refletido nas quedas absurdas de preços pago ao produto. Precisamos do apoio do governo federal para a retomada do mercado, o mais breve possível”, disse a analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas