Agronegócio

Queijos de Minas conquistam três medalhas de ouro no Mondial du Fromage, na França

Ao todo, queijos e lácteos do Brasil conquistaram 58 medalhas no concurso considerado o 'Oscar' do setor
Atualizado em 17 de setembro de 2025 • 09:58
Queijos de Minas conquistam três medalhas de ouro no Mondial du Fromage, na França
Camponês Carrara, do Capril Rancho das Vertentes, ganhou ouro na França | Foto: Arquivo pessoal

Minas Gerais e o Brasil foram, novamente, destaques na 7ª edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, em Tours, na França. No concurso, que ocorre a cada dois anos, os queijos e produtos lácteos brasileiros conquistaram 58 medalhas. Por mais um ano, Minas Gerais ficou com a maior parte, conquistando 33 premiações.

Entre as medalhas conquistadas, em nível nacional, foram 10 de ouro, das quais três são de Minas Gerais. Houve ainda a conquista de 18 medalhas de prata, sendo 12 produtos mineiros premiados. O Estado também se destacou na conquista das medalhas de bronze, do total de 30 concedidas a produtos brasileiros, 18 vieram para Minas. Além dos queijos, os brasileiros conquistaram medalhas com doces de leite, requeijão e iogurtes.

Produtor Marcos Vinícius Mendes
Produtor Marcos Vinícius Mendes, ganhador do ouro concedido ao Queijo Fazenda Santo Antônio | Foto: Arquivo pessoal

Entre os mineiros premiados com medalhas de ouro estão:

  • o queijo de leite de cabra da Capril Rancho das Vertentes;
  • o queijo da Fazenda Santo Antônio, da cidade de Alagoa;
  • e o requeijão cremoso do Laticínios São João, em Cruzília.

O concurso aconteceu de 14 a 16 de setembro em Tours, na França.

Conforme a diretora da SerTãoBras e mestre queijeira da Guilde Internationale de Fromagers, Débora de Carvalho Pereira, 249 queijos e produtos lácteos brasileiros foram inscritos no Mondial du Fromage, concurso considerado o “Oscar” do setor. Ao todo, a competição avaliou cerca de 2 mil produtos de várias partes do mundo.

Débora de Carvalho Pereira
Débora de Carvalho Pereira | Foto: Arquivo pessoal

Para Débora de Carvalho, a conquista das 58 medalhas é um reconhecimento da qualidade dos produtos mineiros e brasileiros. “Este ano, o concurso estava muito mais rigoroso. Antes, para conquistar uma medalha de bronze, era necessário atingir 60 pontos em 100, mas, nesta edição, a pontuação mínima subiu para 80 pontos. Mesmo assim, o Brasil conquistou 58 medalhas, isso mostra que a qualidade dos produtos está subindo muito. O Brasil foi o segundo país em número de medalhas conquistadas”.

A mestre queijeira ressalta que as medalhas conquistadas na França pelos produtores de Minas e do Brasil, além de reconhecerem a alta qualidade dos produtos, também é uma forma de agregar valor à produção, diferenciar os produtos no mercado e alavancar o desenvolvimento dos produtores no campo.

“As medalhas conquistas nas várias edições do Mondial du Fromage ajudaram o setor, no Brasil e em Minas Gerais, a avançar. Nós descobrimos que os concursos são mais que uma medalha na parede, são uma política pública. Com isso, atingimos o objetivo da SerTãoBras, que é melhorar a qualidade de vida do produtor rural. Quem conquista uma medalha tem um aumento grande nas vendas, na demanda, na valorização dos produtos”.

O deputado Federal, Zé Silva, que participou do Mondial du Fromage como jurado, explica que o concurso é o maior evento de valorização dos queijos do mundo e, em especial, do Brasil e Minas Gerais.

“Minas Gerais respondeu por grande parte das medalhas conquistadas pelo Brasil, isso é fruto de um trabalho feito ao longo dos anos. Estamos levando grande para o Brasil grandes aprendizados e desafios, como a necessidade de se avançar, por exemplo, através, da assistência técnica e da pesquisa, na questão da maturação dos queijos. Saio da França com o desafio de aprimorar a maturação, fazer mais pesquisa, entrar com linhas de financiamento para produtores adequarem à legislação. Mas, hoje, os queijos brasileiros não perdem para nenhum queijo”, explicou Silva.

Doce de leite de cabra | Foto: Capril Rancho das Vertentes

Produtos mineiros conquistaram três ouros na França

Entre os ganhadores das medalhas de ouro na 7ª edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, em Tours, na França, está o produtor Marcos Vinícius Mendes, da cidade de Alagoa, no Sul de Minas. Com uma produção diária de 1 mil litros de leite, volume que é todo destinado à produção de queijo, o produtor ganhou também, nesta edição, duas medalhas de prata.

O ouro foi concedido ao Queijo Fazenda Santo Antônio, produzido a partir de leite de vaca, com massa prensada, semi-cozida com maturação de 60 dias. As medalhas de prata foram para os queijos capa preta e o defumado, ambos com maturação 60 dias. Os queijos são comercializados com valores que vão de R$ 50 a R$ 90 o quilo. O portfólio da Fazenda Santo Antônio conta com 12 tipos de queijos.

“Estou muito feliz pela conquista do ouro, não imaginava ganhar a medalha. O Mondial du Fromage é um concurso muito rigoroso onde concorremos com os melhores queijos do mundo. É uma conquista muito especial, que além de impactar de forma positiva na minha produção, também valoriza os queijos de toda a região da Mantiqueira”.

Ainda segundo Mendes, essa é a terceira edição em que ele conquista medalhas. Antes, ele havia sido premiado em 2021, quando conquistou um bronze, e em 2023, quando ganhou duas pratas e um bronze. “Minha vida mudou muito depois das medalhas. Cerca de 70% das minhas vendas acontecem pelas medalhas que ganhei na França”, explicou.

O diferencial para a conquista, segundo Mendes, é o cuidado com a produção e o acesso à assistência técnica. “Trabalhou de forma muito séria, sempre preocupado com a qualidade e em melhorar o produto e os processos. Recebo muito apoio da Emater, do Senar, da Epamig que sempre estão me orientando, trazendo novidades e oferecendo cursos”.

Capril Rancho das Vertentes conquista ouro com queijo cuja receita tem beterraba e açaí

O Capril Rancho das Vertentes, de Barbacena, no Campo das Vertentes, por mais um ano, se destacou no Mondial du Fromage. Em 2019, o queijo Névoa Valençuai foi o primeiro de leite de cabra brasileiro a ganhar uma premiação internacional. Agora, em 2025, a medalha de ouro foi concedida ao Queijo Camponês Carrara, produzido com leite de cabra, com massa prensada e não cozida.

“Inovamos usando beterraba e açaí no queijo, criamos um produto tipicamente brasileiro. As medalhas conquistadas na França são o reconhecimento de 10 anos de trabalho. Com persistência, produzimos com muita qualidade e estamos ganhando muitas premiações”, explicou o produtor Edson Cardoso, que junto com a esposa Sandra Canton de Cardoso, e os sócios Ugo Salema de Medeiros e Joana Helena Salema de Medeiros são os responsáveis pelo Capril Rancho das Vertentes.

O Capril Rancho das Vertentes também foi agraciado com uma medalha de bronze, conquistada pelo Doce de Leite Bé. Conforme Cardoso, o mercado para os produtos é crescente e o Rancho das Vertentes inaugura, nos próximos dias, uma loja no Rio de Janeiro.

“Vamos iniciar uma nova etapa com a queijaria, onde venderemos todos os nossos produtos de cabra e teremos curadoria para vender produtos de amigos, de produtores que conhecemos e que têm qualidade. Vamos completar o portfólio com produtos de leite de vaca, ovelha búfala e outros produtos especiais”.

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