Agronegócio

Safra de laranja 25/26 de SP e MG fica abaixo da expectativa e reduz oferta de suco

A safra da principal área citrícola do Brasil, que reúne as indústrias processadoras, deverá aumentar 27,7%
Safra de laranja 25/26 de SP e MG fica abaixo da expectativa e reduz oferta de suco
O aumento se deve principalmente à produção da variedade Pera Rio | Crédito: Adobe Stock

A safra de laranja 2025/26 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi estimada nesta quarta-feira (10) em 294,81 milhões de caixas de 40,8 kg, redução de 3,9% ante a previsão anterior, de acordo com levantamento realizado pelo fundo de pesquisa Fundecitrus.

A diminuição da expectativa — influenciada por fatores climáticos e de doenças, principalmente o greening — reduzirá a oferta estimada de suco no Brasil, o maior produtor e exportador da commodity, afirmou a associação de exportadores CitrusBR, à Reuters.

“As duas principais razões para a redução da safra são a diminuição do tamanho dos frutos, em função da escassez de chuva, e a elevação da projeção da taxa de queda, de 22% para 23%, devido ao crescimento da severidade do greening, ao ritmo da colheita e às próprias condições climáticas”, afirmou o Fundecitrus, em nota.

Ainda assim, a safra da principal área citrícola do Brasil, que reúne as indústrias processadoras, deverá aumentar 27,7% na comparação com a colheita anterior, quando a produção foi vista como a segunda menor dos últimos 37 anos, devido a condições climáticas ruins e à elevada incidência do greening, doença que não tem cura e reduz a produtividade dos pomares.

“O que essa reestimativa mostra é que está cada vez mais complicado lidar com questões climáticas. Por mais que uma safra comece bem, não há garantias de que essa safra se desenvolva e termine bem”, afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, à Reuters.

Ele lembrou que a quebra de safra em relação ao número inicial é de 20 milhões de caixas, algo “bastante significativo porque muda o patamar de safra”.

Questionado sobre o que muda para a indústria em termos produtivos, ele afirmou que altera a disponibilidade de suco em algo entre 65 mil e 70 mil toneladas, dependendo do rendimento industrial.

“O que poderia ajudar um pouco seria um rendimento industrial melhor, o que tem a ver com questões climáticas… e não há evidências de que o rendimento possa compensar essa quebra.”

“Isso ‘seca’ um pouco a disponibilidade de produto no fim do ciclo…”, acrescentou Netto.

Até meados de novembro, ao redor de 65% da safra paulista e mineira havia sido colhida.

Entre as variedades de laranja, a colheita das precoces hamlin, westin e rubi atingia 99%, enquanto o grupo das outras precoces alcançou 95%. No caso da variedade pera, o percentual colhido alcançou 85%. Entre as variedades tardias, a colheita acumulada até meados de novembro da valência e folha murcha somava 40%, enquanto da variedade natal, 30%.

Preços em baixa

A despeito da projeção menor no Brasil, os contratos futuros do suco de laranja congelado e concentrado negociados em Nova York operavam em baixa de 1,7% no início da tarde, a US$1,54/libra-peso, mas com queda acentuada após o recorde de mais de US$5 registrados no final do ano passado, quando os pomares brasileiros tiveram uma safra ruim.

A disparada das cotações para patamares recordes ao final do ano passado afetou a demanda global, permitindo que os estoques finais da safra passada tivessem uma recuperação de mais de 25%, segundo dados de um levantamento divulgado em setembro pela CitrusBR.

Apesar da queda nas cotações ao longo deste ano, para os níveis mais baixos desde 2022, as exportações brasileiras de suco de laranja registram queda de 12,29% no acumulado da safra 2025/26 (de julho a novembro), para 367 mil toneladas, na comparação com o mesmo período do ciclo passado.

A redução é influenciada principalmente pela demanda da Europa, que anteriormente foi o maior destino da exportação brasileira, posto agora ocupado pelos Estados Unidos.

“Europa é queda de demanda por causa dos preços do ano passado. Suco de laranja é um produto demasiadamente ‘elástico’, ou seja, preço sobe, consumo cai…”, disse Netto.

Questionado se haveria chance de reação no consumo europeu, agora que as cotações estão mais baixas, o diretor-executivo admitiu que sim, pela lógica.

“A questão é o ‘timing’. Muitas vezes a volta é um pouco mais lenta, mas volta”, disse.

Em receita, a exportação brasileira de suco de laranja registrou redução ainda mais significativa, de 25%, para US$1,2 bilhão, na comparação anual, segundo a CitrusBR.

Conteúdo distribuído por Reuters

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