Seleção genética e troca de rainha turbinam produção de mel em Minas Gerais

Em busca de alcançar a melhor performance na produção de mel, o apicultor e diretor da Melífica, Hiago Eustáquio Albino Alves, estudou e pesquisou diversas técnicas para ampliar a produtividade das colmeias. Assim, ele implantou na produção, localizada em Itambé do Mato Dentro, na região Central de Minas Gerais, três técnicas consideradas essenciais: a troca anual da rainha, a criação de pastos apícolas e o manejo. Os resultados têm sido promissores e com as técnicas Alves conseguiu dobrar a produtividade das colmeias.

Conforme ele explica, ainda há muito espaço para avanço da apicultura no Brasil, principalmente no que se refere às pesquisas e estudos para se obter a melhor eficiência. Ao ingressar na atividade, Alves, durante a primeira colheita do mel, teve um resultado muito aquém do esperado. E então, decidiu estudar as técnicas utilizadas e a observar o desempenho das colmeias.

“A apicultura brasileira é muito atrasada em relação a estudos e tecnologias. O que estou buscando é o que se pratica em outros países, que é produzir rainhas pela enxertia. Assim, produzimos as rainhas novas e, no processo, fazemos também a seleção genética”, comenta.

Ações

A seleção genética feita pelo apicultor é baseada na observação, onde ele seleciona as colmeias com melhores resultados e, através das larvas destas colmeias, produz as novas rainhas. São avaliados diversos fatores, como a maior produtividade, colmeias que não enxameiam, que são menos agressivas, maior higiene, entre outros.

O tempo de troca das rainhas também é reduzido e ocorre logo após a colheita do mel. Segundo Alves, o uso das rainhas novas é favorável para o melhor desempenho. A substituição da rainha acontece com um ano.

“A rainha nova tem o potencial produtivo muito superior a uma mais velha, no auge da produtividade, ela coloca 3 mil ovos por dia, volume que cai consideravelmente com a idade”, explica.

Ainda conforme o apicultor, substituir as rainhas é um dos passos para a melhor performance. Aliado a esse trabalho, é preciso criar o pasto apícola, que vai garantir alimentos às abelhas no período de entressafra, além do manejo correto.

“O pasto apícola e o manejo são importantes para se ter alta produtividade. Com o pasto, garantimos que as abelhas terão alimentos na natureza durante a entressafra. Isso é importante porque tiramos o alimento dela, que é o mel”, ensina.

Produção de mel cresce

Com as técnicas implantadas, a produtividade cresceu significativamente. Na safra 2022 – antes de aplicar as metodologias – a produção esperada era de 30 quilos por colmeia – que somavam 20, mas o volume total ficou abaixo de 200 quilos de mel.

Já em 2023, com a implantação das técnicas e 30 colmeias, a produção chegou próximo a 1 tonelada de mel. “De 2022 para 2023, passamos de uma produtividade de 1 a 2 melgueiras por caixa para 3 melgueiras por colmeia e, isso, no mesmo local. O diferencial foi a troca da rainha, o fornecimento de alimentação e o manejo. Vimos que com as técnicas, o desempenho vai aumentar significativamente”, comemora o apicultor.

Agora para 2024, com 70 caixas, a expectativa era colher 2 toneladas de mel, mas, em função do clima desfavorável, a produção deve ficar um pouco abaixo do estimado.

“A expectativa para 2024 era muito boa, mas a falta de chuvas e o índice de queimadas na região, que está muito grande, vão impactar. A gente depende da natureza, mas ainda estamos com boas expectativas”, acredita.

Encontro Abelheiro

Com os resultados positivos, o produtor mineiro Hiago Alves estará presente no 2º Encontro Abelheiro, evento que reúne importantes nomes do setor e que vai acontecer em Carazinho, no Rio Grande do Sul, entre os dias 27 e 29 de setembro de 2024. No evento, ele mostrará as técnicas utilizadas e como houve melhorias na produção.

“No evento vou contar a nossa história, as técnicas que usamos e como produzimos as nossas rainhas. Minha ideia é fazer com que outros produtores produzam mais”, reitera.