Usando técnica da Epamig, Vinícola Alma Mineira tem vinhos de alta qualidade

A paixão pelo cultivo da uva estimulou o engenheiro agrônomo Welles Pascoal, a investir na produção das uvas e a fundar a Vinícola Alma Mineira. Com vinhedo localizado em Senador José Bento, no Sul de Minas, as primeiras garrafas do vinho Alma Mineira devem chegar ao mercado agora em 2024. Ao longo do ano, o objetivo é também trabalhar na instalação de um hotel-butique e de um restaurante, resultando, assim, em uma estrutura completa para o enoturismo.

Situada em uma área com altitude entre 800 e 950 metros, a propriedade cultiva uvas Syrah, Sauvignon Blanc e Cabernet Franc. A ideia também é plantar as variedades Marselan, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Viognier. O projeto prevê uma área plantada entre 13 e 14 hectares de videiras.

De acordo com Pascoal, a colheita da safra 2023 de uvas está estimada em cerca de 25 a 30 toneladas. “Estimamos uma produção em torno de 10 mil garrafas de vinho da Alma Mineira. No próximo ano, o objetivo é chegar a 30 mil garrafas. A capacidade da vinícola é de 100 mil garrafas ao ano, mas está moldada para permitir até 150 mil garrafas ao ano”.

Com produção de vinhos brancos, rosé e tinto, o objetivo também é produzir nos próximos anos espumante. Para isso, o plantio das uvas para o espumante deve ocorrer em uma altitude de 1.200 metros.

---

Potencial para vinhos e turismo

Conforme  Pascoal, a região, que é tradicional produtora de café, também tem grande potencial para ser um novo polo vitivinícola. Além do clima e do solo favoráveis, a utilização da técnica de dupla poda da videira, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), permite o cultivo de uvas de alta qualidade. 

A dupla poda inverteu o ciclo de produção da uva, que ao invés de ser colhida no verão, período quente e úmido, passou a ser colhida no inverno, garantindo, assim, maior qualidade. Outro fator favorável é a amplitude térmica, que na região é muito boa para a uva.

“Conheci a dupla poda da Epamig e achei muito interessante. A região tem um solo excepcional, com cultivo de café há mais de 100 anos. Então, o solo espetacular para a uva, a técnica da dupla e o clima propício para desenvolvimento criaram um terroir para a uva. No princípio, comprei 1.000 mudas de Syrah e fiquei impressionado com o desenvolvimento na região. É muito bonito. Aí vi que tinha potencial maior, além do vinho. Assim, decidi fazer o projeto da Vinícola Alma Mineira”.

Os planos são de expansão e diversificação da atividade e as obras da vinícola estão avançadas e há mais projetos para estimular o turismo.

“Terminando a vinícola, vamos começar com os projetos do hotel e do restaurante. Quero investir no enoturismo e na gastronomia. Um bom vinho tem que combinar com pratos mineiros. A ideia de ter um hotel-butique é que os visitantes se instalem para conhecer a vinícola e a região”. 

Dupla poda

A produção de vinhos em Minas Gerais só foi possível devido ao trabalho dos pesquisadores da Epamig, responsáveis pela criação da técnica da dupla poda. De acordo com o  enólogo da Epamig, Lucas Amaral, a técnica foi muito importante porque permitiu a introdução de uma nova cultura na região. Além de diversificar as atividades, a produção de vinhos é mais um estímulo para o turismo. 

“A dupla poda é uma técnica muito importante porque permitiu que regiões que não tinham histórico e tradição na produção das uvas passassem a produzir uvas e vinhos de alta qualidade. A produção vem se expandindo e está indo super bem”, explicou.

Ainda segundo Amaral, a atividade não se limita apenas à produção do vinho e há potencial de movimentar toda uma cadeia.

“Além da produção de vinho, a atividade tem estimulado os empresários a investirem em vinícolas, hotel e passeios turísticos. O enoturismo vem crescendo. A Vinícola Alma Mineira está em uma cidade muito pequena e vai provocar boom na região”.