Economia

Acordo entre Brasil e China reduz pressão sobre falta de chips na indústria de carros

Na avaliação da Anfavea, o risco de falta desses componentes ainda existe
Acordo entre Brasil e China reduz pressão sobre falta de chips na indústria de carros
Companhia, conhecida por designs de chips em celulares, criou série de produtos para veículos | Crédito: Pixabay

O alinhamento entre o governo brasileiro e autoridades chinesas para garantir o abastecimento de chips no mercado nacional começa a reduzir a pressão sobre as montadoras de veículos.


Na avaliação da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o risco de falta desses componentes ainda existe, mas as tratativas diplomáticas realizadas nos últimos conseguiram aplacar o estresse no setor, que já analisava a possibilidade iminente de paralização de linhas de produção.


“Na sexta-feira, as fabricantes de veículos começaram a ser avisadas pelos fornecedores de que a autorização para importação de chips está sendo retomada aos poucos. Com isso, o risco de paralisação em nossas fábricas diminuiu”, diz Igor Calvet, presidente da Anfavea.


Dois fatores contribuíram para isso, segundo o executivo. Primeiro, houve a liberação pela China da importação de chips por empresas que operam no Brasil e que têm fábrica em solo chinês. Outra ação é a “licença especial” concedida pelos chineses às empresas brasileiras, para terem uma linha direta de acesso aos componentes.


“A situação melhorou, mas é importante dizer que ainda não foi normalizada. Se não houver interrupção novamente nas importações, nossa indústria tende a não ser afetada”, comentou Calvet.


Há cerca de uma semana, o governo chinês concordou em analisar a concessão de uma autorização especial às empresas brasileiras que estiverem com dificuldades para importar os chips.


A medida abriu caminho para o fim do embargo às importações de semicondutores da empresa Nexperia, que podia levar ao desabastecimento dos fornecedores de autopeças no país.


A iniciativa do governo chinês ocorreu após conversas do vice-presidente e ministro do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin, com a Embaixada da China no Brasil. Alckmin pediu prioridade no fornecimento dos chips às fábricas do Brasil.


Como mostrou a Folha, a produção nacional de automóveis corria o risco de ser paralisada devido a uma crise global que envolve um dos maiores produtores de semicondutores do mundo.


A possível escassez nessa área é um reflexo das disputas internacionais em torno da fabricação de semicondutores envolvendo a China e os Estados Unidos, que travam uma guerra comercial.


O risco de escassez surgiu com a intervenção do governo holandês em uma empresa chinesa que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.


Em reação, o governo chinês suspendeu a exportação de semicondutores produzidos na fábrica localizada na China.


A disputa global pelos semicondutores tem como pano de fundo a corrida pelos minerais críticos promovida por China, Estados Unidos, Japão e Europa. Quase toda a cadeia de fabricação de semicondutores, desde o wafer de silício até a embalagem final, exige diversos metais e minerais estratégicos, como as terras raras.


A produção desses minerais é altamente concentrada em poucos países, como a China, que controla grande parte da mineração, refino e processamento, influenciando diretamente as cadeias globais. Hoje a China responde por cerca de 70% da mineração mundial de terras raras, mais de 90% do refino e quase 100% da produção de ímãs permanentes, segundo informações da IEA (Agência Internacional de Energia).

Conteúdo distribuído por Folhapress

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