Agência busca diversificar economia do Médio Piracicaba para superar desigualdades

Diversificar uma economia essencialmente mineradora por meio da inovação e empreendedorismo, em uma região formada em sua maior parte por pequenas cidades, para superar suas profundas desigualdades socioeconômicas. Este caminho foi escolhido pela Agência de Inovação e Desenvolvimento Regional e Sustentável do Território do Médio Piracicaba (Agir), há cerca de um ano, e agora começa a colher resultados.
A agência foi criada pelas associações comerciais dos nove municípios da região, a partir da ideia de solucionar problemas comuns entre as cidades por uma perspectiva territorial, com uma execução empresarial, explica o presidente da agência, Eugênio Müller.
“É muito comum que tenhamos nas regiões associações de prefeitos, de políticos, de classe, mas a perspectiva de trabalhar o desenvolvimento de uma região pelo olhar do empreendedor é ainda uma coisa inédita”, disse Müller. “Trouxemos o olhar e a velocidade do empreendedor, para que pudéssemos desenvolver um plano comum, pensando na perspectiva de território, que ainda é uma coisa pouco usual”, completa.
A Agir é o órgão responsável por gerir o Plano Regional de Desenvolvimento do Médio Piracicaba, desenvolvido pelas nove entidades. O projeto é alinhado com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional, do Ministério do Desenvolvimento Regional, e tem quatro eixos: fortalecer o associativismo; sustentabilidade e novos negócios; inovação e desburocratização; e competitividade territorial.

A governança da entidade é destacada por Eugênio Müller não como uma concorrência, mas uma vantagem aos projetos do poder público, que muitas vezes nascem e morrem num ciclo eleitoral de quatro anos, principalmente quando há mudança de gestão. Além disso, permite a deliberação conjunta de diversos municípios, situação necessária para desenvolver a noção territorial e as condições que uma cidade, sozinha, não teria para resolver.
A diversificação econômica é preponderante para uma menor dependência regional da mineração, considerada arriscada por Müller, visto que a atividade tem um ciclo operacional condicionado às reservas minerais. “Todo empreendedor sabe que não pode ter um cliente só, que se esse cliente parar de comprar, ele quebra. Nossas cidades, infelizmente, têm uma só atividade que gera receita para os cofres públicos, quanto emprego, e isso é terrível”, disse.
A Agir busca diversas alternativas em bioeconomia, crédito de carbono, descarbonização e economia circular, por exemplo, para fazer uma discussão além do senso comum na mineração, de substituir uma atividade por outra. “Sabemos que vamos precisar de um conjunto grande de atividades, porque uma só não vai fazer essa substituição de uma geração de valor tão alto quanto a mineração oferece”, explica Müller.
Projetos para o Médio Piracicaba
A Agir tem desenvolvido atualmente três projetos para o Médio Piracicaba, explica o presidente da agência. Um deles é focado na desburocratização. A proposta é trabalhar uma redução dos considerados entraves burocráticos para empreender nos municípios da região.
“Agora, em 2025, faremos um seminário e um alinhamento tanto com as prefeituras quanto às câmaras municipais, para poder reduzir drasticamente alguns elementos de burocracia, que vimos que é possível reduzir para um ambiente muito mais saudável”, pontua.
Outra ação é a valorização dos ativos regionais. Do setor gastronômico ao cultural, a Agir levou, recentemente, várias micro e pequenas empresas (MPEs) da região a um congresso da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), para expansão comercial. As MPEs terão rodadas de negócios com o Grupo Tauá de Hotéis e Resorts e uma empresa especializada em internacionalização de produtos.
Também em 2025 a agência fará um circuito cultural do Médio Piracicaba. Eugênio Müller destaca que o objetivo é consolidar a identidade regional, ainda não reconhecida pela população local. “Esse circuito cultural leva os ativos para os vários municípios, gerando ali a construção de uma identidade territorial. E essa para nós, acho que vai ser de grande valia”, finaliza.
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