Economia

ALMG aprova decreto de Romeu Zema da calamidade

ALMG aprova decreto de Romeu Zema da calamidade
Com aval da Assembleia ao governo do Estado, medidas restritivas já em vigor desde segunda-feira passam a ser oficialmente reconhecidas | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Pela primeira vez na história, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou uma votação em sistema remoto e aprovou o decreto de calamidade pública enviado pelo governador Romeu Zema (Novo) em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Estado. O texto foi aceito por unanimidade, com 75 votos, e tem validade até 31 de dezembro deste ano.

Com a aprovação, as medidas restritivas que já estavam em vigor desde a última segunda-feira (23) passam a ser reconhecidas oficialmente. Já a validade do estado de calamidade pública será revisto pelo legislativo até 20 de julho, quando o governo terá que justificar a prorrogação ou suspensão do decreto, após o envio de relatórios trimestrais para acompanhamento da evolução das receitas e despesas, bem como medidas adotadas durante o período de calamidade.

Além disso, as medidas aplicadas pelo Executivo durante esse período observarão a autonomia dos demais Poderes e do Ministério Público em relação ao seu funcionamento e na definição de suas ações e programas. Estas ações foram acrescentadas ao projeto originalmente enviado pelo governador, na forma do substitutivo de autoria do deputado Hely Tarquínio (PV), ao Projeto de Resolução (PRE) 20/20.

Basicamente, o projeto prevê a suspensão da contagem de prazos determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para que o Estado se adeque aos limites financeiros fixados pela legislação para a despesa total com pessoal e para a dívida pública. E a dispensa ao Executivo de atingir os resultados fiscais, ampliando as condições para assumir despesas necessárias para o enfrentamento da pandemia. O governo também não precisará realizar licitações para contratação de bens e serviços necessários ao atendimento da situação calamitosa.

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“O governo fica desobrigado de cumprir algumas legislações, podendo, por exemplo, contratar um número maior de servidores para a área da saúde, ampliar o número de leitos ou realocar recursos de outra Pasta para ajudar no combate à pandemia. É importante que acompanhemos o desenrolar das semanas e que voltemos a apreciar o projeto em julho, porque se já tivermos superado a crise, não haverá necessidade de se manter o estado de calamidade”, explicou o presidente da Casa, o deputado Agostinho Patrus (PV), em entrevista coletiva virtual, após a Reunião Extraordinária.

Além da suspensão das obrigações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o decreto também permite a ocupação e o uso temporário de bens e serviços necessários ao enfrentamento da crise.

Equilíbrio – Patrus defendeu que a atuação da Casa durante a crise seja de equilíbrio. Ele argumentou que a polarização existente hoje no Brasil também está influenciando no enfrentamento à doença.

“Alguns acham que precisamos pensar na economia e outros na saúde. É importante aproximarmos estas duas formas de pensar. Primeiramente valorizar a saúde, mas já trabalhar em prol da economia, para que, lá na frente, não tenhamos uma crise ainda pior. Vamos trabalhar por um meio termo”, explicou.

Neste sentido, o parlamentar defendeu a manutenção de algumas atividades produtivas com menos propensão à disseminação do vírus no Estado. Para ele, a atuação do governo deve ser de restringir os setores que expõem mais as pessoas à contaminação.

“Isso é fundamental para que as micro, pequenas e médias empresas possam sobreviver e que os empregos por elas gerados não sejam extintos. Caso contrário, teremos um problema ainda pior a resolver”, justificou.

Especificamente sobre os impactos relacionados aos cofres públicos do Estado, cuja estimativa prevê baixa de até R$ 7,5 bilhões, Patrus afirmou que a proposta da ALMG não é de suspensão dos pagamentos de tributos, mas de adiamento, e que a antecipação dos recursos da Lei Kandir também poderá ajudar a minimizar os impactos.

Governo pode editar medida para manter atividades produtivas

O governo de Minas Gerais deverá publicar, nos próximos dias, um decreto em prol da manutenção das atividades produtivas mineiras. Junto com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), membros do Executivo elaboram um texto como forma de orientar as empresas a manterem suas operações, desde que mantenham as medidas de segurança e higiene determinadas pelas autoridades sanitárias, e evitar prejuízos ainda maiores à economia.

As informações são de uma fonte ligada ao governo, que pediu para não ser identificada. Segundo a pessoa, os termos estão sendo construídos a partir da percepção de diversos setores e de diferentes regiões de Minas Gerais. “O governador Romeu Zema (Novo) está ouvindo todo mundo que vai ser envolvido”, disse.

Procurada, a federação confirmou que participa da elaboração do decreto e que, tão logo seja possível, o presidente Flávio Roscoe comentará o assunto.

Ainda conforme a fonte, a publicação levará em conta o cenário de incertezas que paira sobre a economia mineira quanto aos efeitos do novo coronavírus (Covid-19), diante das medidas restritivas de locomoção e aglomeração, que levaram ao fechamento temporário de milhares de estabelecimentos não apenas na capital mineira, mas em outras cidades do Estado.

“Não há um parâmetro adequado que oriente o funcionamento ou não destas empresas, e existem negócios paralisados desnecessariamente. Somente conseguiremos sair desta situação propondo subsídios legais que permitam às pessoas a retomarem suas rotinas ou quando a pandemia estiver controlada no País. Mas quando isso vai acontecer ninguém sabe”, comentou.

Retomada – Diante da gravidade da doença, que já contaminou 2.433 pessoas e matou outras 57 no Brasil e sendo 133 casos confirmados em Minas Gerais, a fonte alertou que as medidas precisam ser ponderadas. Segundo ela, para que os impactos negativos sobre as empresas do Estado e à economia mineira sejam minimizados, é preciso que, entre um ou dois meses, no máximo, as atividades já estejam normalizadas.

“A maneira e a proporção com que isso vai acontecer ainda não é possível prever. Se vamos voltar com 30%, 40% ou 50%, vai depender do mercado em si. Mas precisamos que, em 60 dias, no máximo, todos estejam de volta às suas funções. Caso contrário, o estrago no mercado de trabalho também será ainda maior”, alertou.

Ontem, o governador de Minas Gerais voltou a falar sobre a orientação de apenas as atividades não essenciais que atendem o consumidor final, como as de comércio e serviços, serem suspensas. O líder do Executivo mineiro já havia falado sobre a importância do funcionamento da indústria.

“Recomendamos que as indústrias continuem produzindo, pois muitos alimentos e outros produtos são feitos por elas, que também exportam para outros países. Essas empresas não podem parar tanto pela questão de gerar empregos e receita como pela subsistência daqueles que estão em casa”, defendeu em coletiva de imprensa digital na terça-feira (24).

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