Alta da gasolina deve impactar no diesel e categoria já se mobiliza

A Petrobras ainda não reajustou o valor do diesel, mas os demais aumentos de combustíveis, como o da gasolina, em 7,11% nas distribuidoras, devem refletir no custo do óleo. E, com isso, o setor não descarta uma possível paralisação caso não chegue a um consenso sobre o assunto. É que o diesel corresponde a cerca de 60% dos gastos dos transportadores em Minas Gerais e, por conta desse cenário, o sentimento entre os transportadores de combustíveis e derivados de petróleo no Estado é de insatisfação.
O alerta foi feito nesta sexta-feira (19) pelo presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes, que adiantou que haverá uma reunião na próxima semana com a categoria para definir o que vai ser feito sobre esses impactos no diesel. “As transportadoras estão trabalhando com prejuízo. Se não conseguirmos negociar esses aumentos que estão ocorrendo, poderá haver, sim, uma paralisação do setor”, adiantou.
No segmento já ocorre um impacto de, aproximadamente, 25% no valor do frete, por conta da elevação dos combustíveis, considerou ele. “O óleo chega da refinaria e, nos repasses até o posto, já arcamos com a terceira tributação sobre o diesel. A refinaria repassa para a distribuidora com um imposto. A distribuidora passa pra o revendedor, que no caso é o posto, com mais uma tributação. E o posto passa para o consumidor com mais uma taxação. Com isso, o produto chega ao consumidor final muito caro, e para a transportadora a defasagem é de 25% a 30% no frete. Aumenta o diesel e todos os insumos seguem junto”, destacou.
Para o dirigente, o cenário de elevação de preço nos combustíveis funciona como uma espécie de efeito cascata, e o impacto desses aumentos na gasolina chega no óleo diesel. “Se aumentam os preços da gasolina, do biodiesel e até do gás de cozinha, o diesel também acaba encarecendo, mesmo sem um reajuste oficial. Isso onera significativamente os custos do frete e impacta diretamente nos custos das transportadoras. É uma situação insustentável, pois o valor do frete não acompanha os aumentos nos preços do diesel. Com isso, a conta não fecha, e continuamos amargando sérios prejuízos”, avaliou o sindicalista.
Ainda segundo Gomes, com as elevações dos combustíveis, principalmente a gasolina, o preço do diesel vem aumentando simultaneamente nas bombas. “Já existe um aumento que não aparece oficialmente, mas já percebemos no bolso. A Petrobras, com certeza, vai aumentar o preço do óleo diesel em breve. Outro ponto é a questão do governo do Estado, que tem buscado aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que ficou um tempo sem alta, e o Estado vem dando sinais com relação a essa elevação. Estamos acompanhando para ver como ficará a situação para o transportador”, afirmou ele.
Diante do agravamento da situação econômica, o Sindtanque-MG já tem mobilizado seus associados e mantido contato com outras entidades representativas do setor no País para debater o assunto e encontrar formas de combater os aumentos.
“A ideia é ‘bater nas portas’ dos governos federal e dos estados para que esses aumentos sejam revistos. Além disso, vamos continuar cobrando das autoridades medidas para a redução de impostos e taxas de insumos e serviços que incidem sobre os custos do frete”, enfatizou o presidente da entidade, Irani Gomes.
Para analistas do setor, a variação nos preços dos combustíveis deve refletir em uma alta de 2,50% na bomba para o consumidor e impactar no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, ainda neste mês. Segundo Gomes, este não é o momento para que ocorram reajustes nos preços dos combustíveis, seja na gasolina, no diesel e no gás de cozinha. “Temos cobrado do governo federal sensibilidade para evitar aumentos como esses. Hoje, tanto a sociedade quanto nós, transportadores, temos vivido no limite da sobrevivência”, considerou.
Desde o último dia 9 de julho, o litro da gasolina sofreu uma alta de R$ 0,20, chegando a R$ 3,01 nas distribuidoras. O litro do gás de cozinha, por sua vez, subiu para R$ 3,10, com o botijão de 13 quilos passando para R$ 34,70 nas distribuidoras.
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