Alta da taxa de juros pode impactar as vendas de veículos novos em Minas Gerais

Minas Gerais registrou 59,2 mil vendas de veículos novos em agosto deste ano, o que representa queda de 1,2% em relação ao mesmo mês de 2023 e aumento de 2,4% no confronto com julho. Com o resultado, o Estado acumulou, nos primeiros oito meses de 2024, 411,3 mil unidades vendidas, volume 2,7% maior que o apurado em igual intervalo do exercício anterior.
Por categoria, no oitavo mês do ano, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves totalizaram 43,4 mil unidades, baixa interanual de 5,7% e alta mensal de 0,4%. Já os licenciamentos de ônibus e caminhões somaram 2 mil unidades, com respectivos avanços de 40,1% e 18,4%, enquanto os de motocicletas subiram 10,6% e 7,7%, para 11,8 mil unidades.
Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e, conforme explica o diretor-executivo da entidade em Minas Gerais, Carlos Barreto, o mercado de vendas de veículos novos continua estável. Segundo ele, o Estado deve encerrar 2024 com um crescimento semelhante ao projetado pelo setor para o Brasil, de aproximadamente 14,7%.
Contudo, o dirigente pondera que o mercado está preocupado com um possível aumento da taxa de juros, visto que a expectativa no momento é que o Banco Central eleve a Selic nas próximas reuniões, o que influenciará negativamente as negociações. “Com certeza vai impactar, porque o nosso cliente é o cliente de financiamento, 85% das vendas são financiadas”, ressalta.
A taxa básica de juros está estacionada em 10,5% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) mantê-la por dois encontros consecutivos, interrompendo um ciclo de sete reduções. O próximo encontro da cúpula está agendado para os dias 17 e 18 deste mês. Os agentes econômicos enxergam a possibilidade de um aumento para controlar a aceleração da inflação.
Outros fatores podem influenciar positivamente as negociações
No Brasil, os emplacamentos somaram 422,9 mil unidades em agosto, o que equivale a acréscimos de 13,8% em comparação a igual mês do exercício passado e 0,7% frente a julho. Com o resultado, o País totalizou 3 milhões de vendas no acumulado de 2024, representando alta de 15,7% no confronto com os oito primeiros meses de 2023, de acordo com a Fenabrave.
Sobre o tipo de veículo vendido, foram 223,2 mil automóveis e comerciais leves comercializados no oitavo mês do ano, avanço interanual de 13,4% e recuo mensal de 1,8%. Os licenciamentos de ônibus e caminhões subiram 31,2% e 1%, respectivamente, para 14,2 mil unidades, ao passo que as negociações de motocicletas chegaram a 163,9 mil unidades, com altas de 14,8% e 4,5%.
Para o presidente da Federação, José Maurício Andreta Jr., a taxa de juros ainda pode impactar negativamente os números. Positivamente, ele avalia que a definição das eleições municipais destravaria as compras de ônibus, por meio de programas como o “Caminho da Escola”, com pedidos bloqueados até o fim do período eleitoral, e a melhora dos preços das commodities, que têm impactado nas vendas de caminhões, implementos rodoviários e máquinas agrícolas.
Segundo o executivo, de qualquer modo, o mercado caminha para encerrar este ano conforme o previsto pela entidade. Entretanto, o desempenho positivo ainda estaria abaixo dos melhores anos do setor. Para ele, há a necessidade da criação de um programa complementar ao Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que seja permanente e que leve à descarbonização e renovação da frota circulante, estimada em cerca de 19 anos, em média, considerando apenas automóveis.
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