Economia

Preço do aluguel em Belo Horizonte sobe quase três vezes mais que a inflação em um ano

Alta de 13,6% nos preços em 12 meses supera inflação e desafia quem vive de aluguel em Belo Horizonte; bairros nobres puxam aumento
Preço do aluguel em Belo Horizonte sobe quase três vezes mais que a inflação em um ano
Crédito: Diário do Comércio / Mara Bianchetti

O custo de vida em Belo Horizonte está sob forte pressão para quem vive de aluguel. Dados do Índice FipeZAP de Locação Residencial, referentes a setembro de 2025, revelam que, nos últimos 12 meses, o preço médio do aluguel em BH acumulou uma alta de 13,60%. Para se ter uma ideia do impacto no bolso, no mesmo período, a inflação, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 5,17%.

A valorização significativa coloca a capital mineira como um dos mercados de locação mais aquecidos do País, superando a média do Índice FipeZAP de 9,93%, e o IPCA em 2,6 vezes. No acumulado de 2025, o preço do aluguel em Belo Horizonte já subiu 11,26%, contra apenas 3,64% do índice oficial da inflação no Brasil.

Mercado de trabalho aquecido pressiona aluguel

Para a economista Paula Reis, do Grupo OLX, o vigor do mercado de locação em Belo Horizonte é sustentado por um fator macroeconômico local: o emprego.

“A variação acumulada em 12 meses do aluguel de Belo Horizonte está acima da média das cidades monitoradas desde maio do ano passado, indicando que o mercado de locação da capital mineira está relativamente mais aquecido do que a média brasileira”, ressalta.

“Uma possível explicação é o desempenho do mercado de trabalho que também apresenta indicadores que destoam da média. A taxa de desemprego de Belo Horizonte no 2º trimestre é 5,2%, abaixo da taxa nacional de 5,8% (Pnad Contínua/IBGE)”, explica.

Segundo Paula Reis, o crescimento da ocupação, da força de trabalho e da renda real tende a ampliar a demanda por locação, especialmente em um cenário desafiador no mercado de compra e venda.

Tendência é de desaceleração no médio prazo em Belo Horizonte

Apesar da alta expressiva, a economista prevê uma desaceleração, mas não uma queda brusca ou um movimento migratório em massa.

“A tendência de queda dos reajustes do aluguel observada em Belo Horizonte desde abril de 2023 indica que a diferença entre a variação do preço de locação e a inflação deve diminuir no médio prazo, até porque a renda real dos proprietários dos imóveis, perdida durante a pandemia e na crise de 2015, já foi recuperada. Neste contexto, não é provável que haja um movimento de migração significativo de Belo Horizonte para cidades vizinhas”, avalia.

De acordo com a economista, a expectativa para os próximos meses é de manutenção da alta, mas com ritmo mais moderado. “O mercado deve seguir aquecido até o fim de 2025, com reajustes ainda acima da inflação, porém em desaceleração”, revela.

Valor do aluguel em bairros nobres de BH dispara

O preço médio para alugar um imóvel em Belo Horizonte é de R$ 48 por metro quadrado (m²). Esse valor é influenciado pela valorização em bairros estratégicos. A valorização mais expressiva foi observada em áreas de alto padrão e vizinhas.

Entre os bairros que mais encareceram em 12 meses o destaque é o bairro Serra, com alta de 31%, e a Savassi, que subiu 19,2%, duas regiões de alta demanda e infraestrutura consolidada.

“A valorização de Savassi está ligada aos atributos do bairro que oferece, além da ótima infraestrutura urbana, comércio, serviços, lazer, fácil acesso a outras regiões da cidade. A proximidade da Serra com a Savassi torna o bairro uma alternativa interessante para quem não consegue arcar com o preço de locação de Savassi”, explica.

Veja qual foi a valorização do aluguel nos bairros da Capital nos últimos 12 meses

  • Serra: 31,0%
  • Savassi: 19,2%
  • Lourdes: 16,9%
  • Funcionários: 13,5%
  • Santo Antônio: 12,2%
  • Santa Lúcia: 11,7%
  • Sion: 11,2%
  • Belvedere: 11,4%
  • Buritis: 10,2%
  • Santo Agostinho: 8,1%

Unidades menores lideram procura em Belo Horizonte

O impacto da alta de preços é mais sentido nas unidades menores, que são a principal opção para quem tem menor renda ou mora sozinho. Os imóveis de dois dormitórios tiveram a maior valorização em BH no último ano, com aumento de 17,1%. Já os imóveis de um dormitório vieram logo em seguida, com alta de 15,8%.

“Esse movimento impacta as famílias de menor renda que desejam morar em regiões centrais, que tradicionalmente buscam unidades menores por serem mais acessíveis. Embora tenham um custo total mais acessível, esses imóveis têm um preço por metro quadrado mais alto devido à localização em bairros com mais infraestrutura, apresentando maior liquidez, tanto para locação quanto para revenda”, comenta Paula Reis.

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