Anglo American recebe licença para planta de filtragem de rejeitos

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) aprovou o processo de adendo à licença de operação da planta de filtragem de rejeitos da Anglo American no sistema Minas-Rio, em Conceição do Mato Dentro, na região Central de Minas Gerais. O parecer foi dado na reunião da Câmara de Atividades Minerárias (CMI) dessa sexta-feira (26).
Fruto de um investimento da ordem de R$ 5 bilhões, a instalação está prevista para ser inaugurada no início de 2026. Segundo o gerente de Relações Institucionais e Assuntos Corporativos da empresa no Brasil, Thomas Pedroso Nemes, o projeto prevê a contratação de mais de 300 pessoas para a fase operacional, com cerca de 70% da mão de obra local.
Presente na reunião, ele ressaltou que a ideia da planta surgiu de uma condicionante em 2018, que solicitava à mineradora um estudo de alternativas que reduzissem ou eliminassem o uso de barragens para a disposição de rejeitos. Após a análise de várias opções, foi definido que a filtragem era a principal solução viável nesse sentido.
Com a nova instalação, a Anglo evitará o lançamento de até 85% dos rejeitos gerados no Minas-Rio para a única barragem do sistema minerário. O projeto, que é considerado estratégico para a continuidade da operação no Estado, também eliminará a necessidade de implantação de uma segunda estrutura de contenção na Mina do Sapo, conforme estava previsto nos estudos iniciais do complexo, de acordo com Nemes.
“Trata-se de uma tecnologia moderna, de filtragem a vácuo, que separa a água da polpa de rejeitos, permitindo seu reaproveitamento no processo produtivo e reforçando também nossa responsabilidade ambiental e o nosso compromisso com a eficiência operacional na gestão hídrica”, disse. “A planta está sendo instalada em área já licenciada e utilizará a pilha de estéril existente para a disposição do material filtrado”, ressaltou.
Projetos de economia circular
Como informado anteriormente, além da planta de filtragem que entrará em operação no próximo ano, a Anglo American estuda filtrar 100% dos rejeitos do Minas-Rio e reaproveitar os materiais já despejados, com o objetivo de evitar a necessidade de utilização de barragem no futuro. Vale dizer que a estrutura existente, localizada entre Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, foi construída pelo método a jusante.
De acordo com o gerente da mineradora, a empresa também está estudando outras parcerias e formas de gerar produtos a partir dos rejeitos para avançar na economia circular. Segundo Nemes, estão sendo desenvolvidos projetos voltados ao uso de bloquetes para asfaltamento de vias municipais na região de atuação da companhia.
Expansão da barragem de rejeitos
Em paralelo a instalação autorizada pelo Copam, a Anglo busca licenciar o segundo alteamento da barragem. Conforme a mineradora, no cenário atual, mesmo com a doação de novas tecnologias e os estudos em andamento, a disposição de uma parcela de rejeito na barragem é necessária para a continuidade das operações. Ainda segundo a empresa, a estrutura também tem função de armazenamento de água para reuso no beneficiamento.
Em agosto, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) decidiu, por unanimidade, paralisar o processo de licenciamento ambiental. A principal razão para a suspensão foi a presença de famílias da comunidade tradicional de São José do Arrudas na Zona de Autossalvamento (ZAS). À época, a companhia informou que analisava a decisão cautelar, assinada pelo conselheiro Agostinho Patrus, para tomar as providências cabíveis.
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