Apagão tecnológico mundial acende alerta para as indústrias

O apagão tecnológico que afetou sistemas ao redor do mundo não gerou problemas para o setor industrial mineiro. Entretanto, a pane cibernética acendeu um alerta às indústrias: é necessário elaborar planos de contingência para o enfrentamento dessas situações.
A ponderação é do gerente de Educação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) / Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Aloysio e Silva. Ele diz que, no momento, existe uma extrema dependência da computação em nuvem (cloud computing) e a computação de borda (edge computing) pode ser uma solução para garantir a continuidade operacional em apagões parecidos ou até mesmo em ataques hackers.
A principal diferença entre os modelos de nuvem e borda é que no primeiro os dados e as aplicações são processados e armazenados em centros de processamento de dados de provedores de serviços em nuvem, que podem estar localizados em qualquer lugar do mundo. Enquanto no segundo, os dados não ficam centralizados na nuvem, sendo processados e armazenados localmente, em dispositivos ou servidores localizados em instalações físicas próximas ao usuário.
Conforme Aloysio e Silva, parte das indústrias já utiliza o edge computing para armazenar dados do “chão de fábrica”, ou seja, aqueles que tratam de produtividade, parâmetros de máquinas e demais informações críticas. Na prática, isso significa que, em caso de queda do sistema em nuvem, como os dados que fazem a empresa, de fato, funcionar não estão nesses servidores, a produção não pararia em caso de apagões tecnológicos de maior escala ou invasões cibernéticas.
“Talvez até seja um modelo a ser seguido nos outros setores. Por exemplo, não colocar 100% dos dados muito estratégicos ou críticos na operação na nuvem, mas, sim, mesclar com a computação de borda”, observa. “Nos modelos que estamos indicando, e isso está dentro do escopo da indústria 4.0, a gente adota que esses dados estratégicos de chão de fábrica, de produção, sejam trabalhados na computação de borda e não transferidos totalmente para a nuvem”, reitera.
De acordo com o gerente, há outra solução que poderia ser adotada por todas as indústrias e replicada nas demais áreas para mitigar eventuais problemas, porém, implicaria gastos adicionais significativos. Trata-se do uso de sistemas de backups locais ou na própria nuvem, que significa ter os dados em dois lugares diferentes, reduzindo potenciais riscos.
Indústrias não foram afetadas pelo apagão
Aloysio e Silva reforçou à reportagem que não houve relatos de problemas nas indústrias mineiras ocasionados pelo apagão tecnológico global. Segundo ele, o incidente, resultado de uma falha em uma atualização de um sistema da empresa norte-americana Crowdstrike teve repercussões menores no Brasil em comparação com países europeus, impactando uma companhia aérea e alguns bancos, que chegaram a enfrentar instabilidades temporárias nessa sexta-feira (19).
Ouça a rádio de Minas