Após muita polêmica, metrô de BH é arrematado por R$ 25,8 mi

O metrô de Belo Horizonte foi concedido à iniciativa privada por R$ 25,8 milhões. O leilão ocorreu na tarde desta quinta-feira (22) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O lance único foi dado pela Comporte Participações S.A. O montante representa ágio de 33,28% em relação ao valor mínimo da oferta previsto em edital, de R$ 19,3 milhões. A assinatura do contrato tem previsão para acontecer em março do próximo ano.
O vencedor da licitação é paulista e atua como uma companhia de capital fechado, participando como sócia ou acionista em empresas que atuam em diversos segmentos de mercado, como transporte rodoviário de passageiros e cargas e empreendimentos imobiliários. O grupo será responsável pela gestão, operação e manutenção do modal pelos próximos 30 anos. Os investimentos previstos estão em torno de R$ 3,7 bilhões. Desse total, R$ 2,8 bilhões serão aportados pela União e R$ 440 milhões pelo Estado.
Parte dos aportes servirão para revitalizar a única linha existente atualmente (Vilarinho-Eldorado), que tem 19 estações e cerca de 28 quilômetros de extensão. Ela também será ampliada em aproximadamente 2,45 km, com a construção da estação Novo Eldorado. Outras aplicações deverão ser realizadas para construir a tão sonhada Linha 2 (Nova Suíça-Barreiro), que deverá ter sete estações e cerca de 10,5 km.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, participaram da sessão pública e comemoraram a decisão.
“É uma honra estar aqui para encerrar esse primeiro ciclo do governo de Minas como sendo o Estado que mais estruturou concessões em um único mandato de governo. Isso, pra nós, obviamente, é um motivo de orgulho, mas o desafio foi ainda maior, pois o Estado foi referência em PPPs (Parcerias Público-Privadas) em 2003, mas tinha perdido essa disposição, e de 2019 até agora conseguimos fazer essas entregas”, disse Marcato. O secretário lembrou que foram, durante o período, 14 projetos com edital publicado e 17 estruturados.
“Há quatro anos, quando ganhei a minha primeira eleição para governador, eu nunca poderia imaginar que viria à B3 tantas vezes. Se eu não me engano, é a minha sexta ou sétima vez, e, principalmente, para projetos que vão mudar por completo a fisionomia de Minas Gerais”, afirmou Zema.
O chefe do Executivo estadual disse ainda que, após o sofrer durante um bom tempo, Minas caminha com números expressivos e salientou que encerrará o primeiro mandato com R$ 270 bilhões de investimentos privados atraídos para o Estado, motivados pelo retorno de uma credibilidade não vista no passado.
Ação judicial e greve
O leilão foi alvo de várias polêmicas ao longo dos últimos meses. Parte da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) assinou uma ação judicial pedindo a suspensão do certame, sob alegação que o aporte a ser feito pelo governo federal cria uma despesa futura à gestão do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido foi negado pela Justiça Federal.
Desde o último dia 14 de dezembro, as estações estão fechadas e os trens não circulam devido a uma greve dos metroviários. Os trabalhadores são contra a desestatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos em Minas Gerais (CBTU-MG) e temem perder os empregos após a concessão. Nessa manhã, houve protesto no Centro da Capital. Os rumos da paralisação devem ser decididos ainda nesta tarde, após assembleia realizada pela categoria.
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