ArcelorMittal aposta em eficiência e vê mercado crescer no ritmo do PIB

O setor siderúrgico no Brasil vem enfrentando um cenário adverso, principalmente por conta da invasão de aço importado, além dos “tradicionais” gargalos que afetam o setor produtivo no País, como o Custo Brasil. Para ganhar competitividade e melhorar a eficiência dos negócios, a ArcelorMittal decidiu manter um plano de investimentos robusto, de aproximadamente R$ 25 bilhões, no mercado brasileiro, segundo o CEO da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio.
Esses investimentos estão distribuídos em diversas frentes, abrangendo desde a compra de novos ativos até a expansão de capacidade produtiva e a melhoria de processos internos. “Nós estamos investindo muito em aumentar a performance, em reduzir custos”, afirmou o executivo, durante o Congresso Brasileiro do Aço, realizado em São Paulo.
Em Minas Gerais, um dos principais projetos da companhia é a expansão da usina de João Monlevade, na região Central. A unidade receberá aportes da ordem de R$ 1 bilhão para praticamente duplicar a capacidade instalada do complexo siderúrgico, que passará de 1,2 milhão de toneladas/ano para 2,2 milhões de toneladas anuais.

O projeto de ampliação da planta, cujos equipamentos foram adquiridos em 2008, precisou passar por um processo de revisão antes de ser iniciado. “Nós já tínhamos feito o projeto, mas fizemos uma análise muito profunda… Estamos hoje na parte de estacas, na base, não estamos montando equipamento ainda”, explicou o CEO, ressaltando que a fase de implantação ainda está nas estruturas iniciais. Quando anunciado, a previsão inicial para conclusão era 2024.
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No entanto, os desafios não se limitam a Monlevade. De Paula destaca também a escassez de mão de obra especializada e as dificuldades em projetos de engenharia, principalmente por parte de fornecedores, que têm imposto obstáculos ao avanço de alguns projetos. “O Brasil está carente de duas coisas: mão de obra especializada e engenharia”, enfatizou.
Outros projetos – Em Minas, a empresa está investindo também na expansão da planta em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De Paula explica que a unidade produz insumos para a indústria automotiva e que a ampliação será necessária para atender a esse mercado.
Na mineração, o grupo pretende concluir no próximo ano a expansão da mina de Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero. “Estamos investindo mais R$ 2 bilhões para construir uma nova planta de minério de ferro; vamos produzir 4,5 milhões de toneladas de pellet feed”, explica.
Entre as maiores apostas da empresa está a aquisição do Complexo Siderúrgico do Pecém, no Ceará, que consumiu R$ 11 bilhões. “Dos R$ 25 bilhões, R$ 15 bilhões nós investimos em energia elétrica e compramos outra empresa no Brasil”, disse.
Mesmo mantendo investimentos, ArcelorMittal demonstra cautela
Com uma previsão de crescimento do PIB entre 2% e 2,5% para este ano e de 2% para o consumo de aço, a empresa se mantém cautelosa, mas otimista quanto às perspectivas futuras. De Paula ressalta a necessidade de investimentos em infraestrutura como um fator-chave para impulsionar o crescimento econômico e, consequentemente, o mercado de aço no País. “O Brasil realmente precisa investir mais em infraestrutura, saneamento, pontes, estradas. Bem, tudo falta no Brasil”, refletiu.
A alta taxa de juros é outro fator que limita o crescimento, especialmente para empresas menores. “A Selic realmente a 10,5% é alta… Isso limita, porque o problema não é 10,5%, o problema é que, não a ArcelorMittal, que é um grupo grande que pode pegar financiamento fora do Brasil, em dólar, pagando menos, mas hoje uma empresa média e até grande, para pegar um financiamento aqui, vai de 12% a 20%”, alertou o executivo, evidenciando as dificuldades enfrentadas pelo setor industrial no País.
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