Atlas Lithium avalia expansão de projeto no Vale do Lítio para 2025

O mercado tem se interessado pelo projeto de extração e beneficiamento de lítio da Atlas Lithium no Vale do Jequitinhonha. Quase toda a produção prevista para a primeira fase do empreendimento foi negociada e empresas já demonstraram o desejo de adquirir parte do volume que será produzido em uma eventual segunda fase. A expansão está em análise pela companhia, que possui o maior portfólio de áreas de lítio no Brasil, com cerca de 539 quilômetros quadrados.
Com investimento de aproximadamente de R$ 1 bilhão e estimativa de criar em torno de 2,5 mil empregos, dos quais 350 a 400 diretos, o projeto se encontra na etapa de licenciamento ambiental. A intenção é começar as operações entre o fim deste ano e o início do próximo. Mesmo ainda sem operar, o grande interesse pelos materiais pode levar a mineradora a ampliar a unidade em 2025.
A planta inicial da empresa no Vale do Lítio terá capacidade de produzir 150 mil toneladas de concentrado de espodumênio. Durante cinco anos, as chinesas Chengxin Lithium e Yahua Industrial – que investiram no grupo e são fornecedoras da BYD e Tesla – receberão 60 mil toneladas cada. As 30 mil toneladas restantes serão divididas entre a japonesa Mitsui e o mercado spot.
Presente em Belo Horizonte para participar do Brazil Lithium Summit, nesta quarta-feira (12), o CEO da Atlas, Marc Fogassa, destacou que a própria companhia do Japão quer uma parcela da produção da segunda planta. O executivo relevou que uma gigante asiática deseja outra fatia do bolo e disse que se encontrou, no evento, com uma europeia que também está interessada.
Ao Diário do Comércio, Fogassa ressaltou que a mineradora prefere “andar antes de correr”. “Estamos 200% focados no início da operação e no sucesso das vendas para os compradores já determinados”, enfatizou. Mas reforçou que, de fato, a empresa está analisando a efetividade de uma expansão, que dobraria a capacidade produtiva. “Diferentemente de outros projetos, temos nosso capital alocado para poder produzir. Não precisamos esperar o financiamento”, ponderou.
Frota verde para o escoamento da produção
Para facilitar o deslocamento das pessoas no Vale do Jequitinhonha, o CEO da Atlas Lithium aspira uma reforma do Aeroporto de Araçuaí. No que diz respeito ao escoamento da produção, ele afirmou que adoraria que a região tivesse uma ferrovia, mas como não é o caso, o transporte será feito por caminhões.
Nesse sentido, um objetivo pessoal de Fogassa é ter uma frota verde, com veículos que utilizam baterias de lítio e emitem o mínimo de gases de efeito estufa (GEE).
Outros investimentos no Vale do Jequitinhonha
Além da Atlas, existem outras empresas que estão investindo fortemente no Vale do Lítio, atraídas pelo significativo volume de reservas do “mineral do futuro”. A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) – que estuda dobrar a produção – e a Sigma Lithium – em fase de expansão – já operam na região, ao passo que a Latin Resources e a Lithium Ionic, com projetos em fase de licenciamento, devem começar os trabalhos em breve, provavelmente no ano que vem.
É válido dizer que os investimentos dessas mineradoras e de outras que deverão instalar empreendimentos na região, estão transformando os municípios e impactando as cidades próximas. A perspectiva é que o quadro histórico de pobreza nas localidades seja alterado nos próximos anos com os projetos em torno da cadeia produtiva do “petróleo branco”.
O Estado tem potencial para ser um dos líderes em produção de lítio em todo o mundo. Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) apontam a demanda pelo mineral, crescerá em mais de 40 vezes até 2040, e Minas Gerais está na vanguarda para atender mundialmente essa procura.
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