Auditoria alertouVale sobre sistemas de drenagem
Brasília – Um relatório encomendado pela mineradora Vale, no ano passado, para verificar a estabilidade da barragem de rejeitos rompida em 25 de janeiro, em Minas Gerais, certificou a estrutura, mas levantou preocupações sobre seus sistemas de drenagem e monitoramento.
A avaliação da alemã TÜV SÜD, revisada pela Reuters ontem e marcada como atualizada pela última vez em agosto de 2018, fez uma série de recomendações destinadas à melhoria da segurança da estrutura, além de também informar que a barragem aderiu aos requisitos legais mínimos para estabilidade.
Entre os problemas identificados estavam rachaduras nos canais de drenagem, que foram retratadas no relatório. A auditoria também recomendou a instalação de um novo sistema de monitoramento capaz de captar pequenos movimentos no solo. As conclusões da auditoria foram divulgadas ontem nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo.
A Vale declarou em comunicado que seguiu as recomendações do relatório, descritas como “rotineiras”.
O desastre na barragem de rejeitos da mina de minério de ferro Córrego do Feijão, em Brumadinho, matou ao menos 134 pessoas, com 199 ainda desaparecidas. O relatório apareceu em desacordo com um comunicado da TÜV SÜD no dia seguinte ao vazamento, que declarava que, “com base no nosso atual estado de conhecimento, nenhum dano foi encontrado” durante a inspeção da barragem.
Liquefação – Problemas com a drenagem podem ser cruciais nas investigações quanto às causas da ruptura da barragem, com uma autoridade ambiental do Estado tendo declarado à Reuters que evidências sugerem que o rompimento foi causado por liquefação.
Liquefação é um processo em que material sólido, como areia, perde força e rigidez, comportando-se mais próximo de um líquido. É uma causa comum para o colapso de barragens a montante que contêm resíduos de mineração.
Problemas de drenagem podem causar infiltração de água nos rejeitos secos, o que altera sua consistência e estabilidade. “Para aumentar a segurança da barragem em relação a questões como liquefação, é recomendada a adoção de medidas que reduzam a possibilidade de um gatilho”, declarou a TÜV SÜD em sua avaliação da barragem.
“Para este fim, (a Vale) deve evitar vibrações, proibir detonações próximas, evitar o tráfego de maquinário na barragem, prevenir maiores níveis de água nos rejeitos, não trabalhar removendo material dos pés das encostas ou realizar trabalho que possa causar sobrecarga do reservatório da barragem”, disse.
“A instalação de equipamentos de monitoramento sismológico também é recomendada nas proximidades da barragem”.
A TÜV SÜD não respondeu ao pedido de comentário. (Reuters)
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