Economia

Belo Horizonte tem recuo de 2,5% na população em 12 anos

Crises econômicas e pandemia explicam o declínio
Belo Horizonte tem recuo de 2,5% na população em 12 anos
O custo maior de moradias reduz a população de BH | Crédito: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

Enquanto Belo Horizonte apresentou recuo populacional de 2,5% no Censo Demográfico de 2022 na comparação com 2010, Extrema, no Sul de Minas, por exemplo, registrou crescimento de 87% da população neste período. Fatores sociais e econômicos explicam o crescimento ou declínio populacional de uma localidade, observa o professor titular do departamento de demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alisson Flávio Barbieri.

“O processo de declínio populacional já é observado há algumas décadas no País. De acordo com o Censo de 2022, são cerca de 203 milhões de brasileiros, abaixo da previsão de 208 milhões, são cinco milhões a menos”, observa. De 2010 a 2022, a taxa de crescimento anual da população brasileira foi de 0,52%. É a menor taxa desde o primeiro censo do País, em 1872.

O maior crescimento, em números absolutos, foi registrado entre as décadas de 70 e 80, quando houve uma adição de 27,8 milhões de pessoas. Mas a série histórica do censo mostra que a média anual de crescimento vem diminuindo desde a década de 60.

Barbieri acrescenta que as sucessões de crises recentes, sejam elas econômicas e sanitárias, como a da Covid, contribuem para a redução da taxa de fecundidade no País. E no caso da capital mineira há um fator que merece ser destacado: a baixa oferta de terrenos. “Isso faz com que o custo de acesso à terra aumente, deixando imóveis e aluguéis mais caros, fazendo com que as pessoas busquem outras opções de moradia nos municípios no entorno de Belo Horizonte”, diz.

De acordo com o Censo 2022, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 59.591 pessoas a menos em Belo Horizonte na comparação com 2010. A capital mineira tem uma população de 2.315.560 em 2022.

E Belo Horizonte não está sozinha, outras oito capitais no País tiveram redução populacional: Salvador, Natal, Belém, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro e Vitória. A capital baiana foi a que teve a maior perda, 258 mil habitantes.

Barbieri destaca que não é só o custo elevado dos imóveis na capital mineira que está fazendo com que as pessoas deixem a cidade, há questões como violência e qualidade de vida. “Isso faz com que se desenvolva o vetor de expansão da riqueza para municípios como Nova Lima e Lagoa Santa, que são procuradas por pessoas de média e alta renda”, observa.

Ele alerta que os dados do censo devem ser usados para definir as políticas públicas. Para o professor, o cenário mostrado pelo levantamento revela a necessidade de ter um olhar mais metropolitano. “É importante ter uma integração de Belo Horizonte com os municípios da região metropolitana. Hoje, por exemplo, ainda não temos um metrô interligando esses municípios”, observa.

Sul de Minas

O professor da UFMG observa que o dinamismo econômico contribui para a atração populacional de uma região ou município, o que explica o aumento de habitantes de Extrema, que vem atraindo diversos investimentos. O município está na disputa de uma fábrica de linha branca da LG. Estão no páreo outras cidades da mesma região, como Poços de Caldas e Pouso Alegre, além de municípios de Santa Catarina e Paraná.

Há vários investimentos em curso no município. Um deles é da Special Dog Company, uma das maiores do setor de pet food no Brasil, que está investindo na implantação de um centro de distribuição (CD).

E neste mês, a subsidiária do grupo Femsa, Solistica, anunciou que concluiu os investimentos de R$ 15 milhões em sua mais nova operação em Minas Gerais. A ativação do empreendimento logístico na cidade é parte de um plano de expansão da companhia no Brasil.

“Além do Sul de Minas, a região Centro-Oeste do País vem mostrando dinamismo da economia, atraindo mais pessoas”, observa.

Os dados do censo confirmam a análise do professor, já que as populações de Mato Grosso (20,55%), Goiás (14,55%) e Mato Grosso do Sul (12,56%) cresceram impulsionadas pelo agronegócio. A região Centro-Oeste apresentou incremento de 15,86%.

Minas

Na análise por estados da Federação, Minas Gerais é o segundo mais populoso, com cerca de 20,5 milhões de habitantes. A primeira posição continua sendo São Paulo, com 44,4 milhões de pessoas. E é em Minas que fica o menor município do Brasil: Serra da Saudade, na região Centro-Oeste do Estado, com 833 pessoas.

Considerando os domicílios, Minas Gerais também ocupa a segunda posição, com 9,6 milhões em 2022. A primeira posição ficou com São Paulo, com 19,6 milhões. O número de domicílios aumentou em todos os estados e no Distrito Federal.

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