BNDES aprova ajuda de R$ 4,64 bi à Aena para obras em aeroportos, inclusive em Minas
Onze aeroportos concedidos à Aena, incluindo os terminais de Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, e o de Montes Claros, no Norte de Minas, receberão R$ 4,64 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras de ampliação, modernização e manutenção. Os valores exclusivos para Minas não foram especificados.
Terminais que receberão investimentos foram concedidos à Aena em março de 2023:
- Congonhas (São Paulo/SP);
- Campo Grande (MS);
- Ponta Porã (MS);
- Corumbá (MS);
- Santarém (PA);
- Marabá (PA);
- Carajás (PA);
- Altamira (PA);
- Uberlândia (MG);
- Uberaba (MG);
- Montes Claros (MG).
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (1º) pelo BNDES. Conforme o banco, os recursos permitirão a execução da Fase I-B das concessões, que compreende a ampliação e adequação dos aeroportos para atender às especificações mínimas de infraestrutura, aumentar a capacidade operacional e promover melhorias estruturais e de sustentabilidade.
Segundo o BNDES, a implantação do projeto deverá gerar, nos onze terminais, mais de dois mil empregos diretos e indiretos, além de outras 700 oportunidades após as obras. O maior volume de investimentos (R$ 2 bilhões) será destinado ao Aeroporto de Congonhas, cujo prazo de conclusão das intervenções está marcado para junho de 2028. Estão previstos:
- Novo terminal de passageiros, com mais que o dobro do tamanho atual, passando de 40 mil m2 para 105 mil m2;
- Ampliação do pátio de aeronaves, com melhorias na eficiência operacional;
- Aumento de pontes de embarque, que passarão de 12 para 19;
- Área comercial passará para mais de 20 mil m2.
Já os demais dez aeroportos, incluindo os de Minas, dividirão o restante do valor (R$ 2,64 bilhões) e precisarão encerrar as obras até junho de 2026.
Financiamento para investimentos em inovação: repricing para pagar dívida
A ajuda do BNDES à Aena ocorre por meio de uma oferta pública de emissão de debêntures, coordenada pelo banco em sindicato com o Santander, totalizando R$ 5,3 bilhões. O apoio inclui a subscrição de debêntures, no valor de R$ 4,24 bilhões, e um financiamento via Finem, linha destinada a investimentos em inovação, no valor de R$ 400 milhões. No total, o financiamento para a Aena chega a R$ 5,7 bilhões.
De acordo com o BNDES, o financiamento foi estruturado como um project finance non recourse, no qual o pagamento é feito com o fluxo de receitas do projeto. Assim, após a conclusão das obras, a Aena poderá refinanciar a dívida em condições potencialmente melhores, por meio da mudança no custo financeiro (repricing).
“Esse mecanismo, ao mesmo tempo que permite potencial redução do custo da dívida, elimina totalmente o chamado risco de rolagem e garante o funding de longo prazo do projeto, beneficiando o projeto, os usuários e os investidores”, informou o banco, em nota.
O diretor Econômico-Financeiro (CFO) da Aena Brasil, Rodrigo Rosa, comemorou o método de repricing e afirmou que o Brasil é um país estratégico para o grupo. Segundo ele, esse financiamento representa “um passo importante” no plano de investimentos da empresa no exterior e consolida a posição da Aena como “maior gestora aeroportuária do mundo”.
“Com esses recursos, vamos avançar em obras e melhorias essenciais, garantindo aeroportos mais modernos, eficientes, seguros e confortáveis. Nosso compromisso é entregar uma infraestrutura que atenda aos passageiros e apoie o crescimento das regiões onde estamos presentes. Além do volume financeiro relevante, essa operação conta com uma estrutura inovadora, com opção de repricing, em condições específicas, desenvolvida pelas equipes da Aena, BNDES e Santander, muito importante para os retornos adequados do nosso projeto”, disse.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, declarou que o objetivo da ajuda do banco é melhorar a qualidade dos aeroportos no Brasil. “O apoio do BNDES é resultado da determinação do governo do presidente Lula de ampliar o número de passageiros nos aeroportos do país, garantindo a qualidade do atendimento e o conforto, tendo em vista que o número vem crescendo com a expansão sustentada da economia. Em 2024, os 11 aeroportos movimentaram 27,5 milhões de pessoas, representando 12,8% do total de passageiros nos aeroportos brasileiros”, disse.
“Esses investimentos de mais de R$ 4 bilhões são uma ótima notícia e vêm se somar a outras iniciativas do governo federal, como o Fundo Nacional da Aviação Civil (FNAC), o programa de debêntures incentivadas e os incentivos fiscais do REID. Junto com o BNDES, estamos empenhados em incentivar o desenvolvimento da aviação brasileira e o fortalecimento da infraestrutura aeroportuária”, completou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Por fim, o vice-presidente do Santander Corporate & Investment Banking, Renato Ejnisman, declarou que o mecanismo de reajuste automático permitirá capital de longo prazo para as ações de melhoria nos terminais.
“É motivo de grande orgulho para o Santander ter atuado como Assessor Financeiro Exclusivo da Aena e Coordenador Líder dessa captação, em parceria com o BNDES, além de apoiá-los na obtenção do rating AAA (escala nacional) pela Moody’s. A combinação entre as debêntures e o Finem do BNDES, em uma estrutura non-recourse e com um inovador mecanismo de reajuste automático (repricing), garante capital de longo prazo para ampliar, modernizar e tornar mais sustentáveis os 11 aeroportos do bloco SP/MS/PA/MG”, encerrou.
Maior do mundo, Aena controla 17 aeroportos no Brasil e 46 na Espanha
De acordo com informações da Aena, a empresa é a maior operadora aeroportuária do mundo em número de passageiros. Na Espanha, onde surgiu, o grupo é responsável pela gestão de 46 aeroportos e dois heliportos. Além disso, a Aena detém 51% do Aeroporto de Londres-Luton e atua no México (12 aeroportos) e na Jamaica (dois).
No Brasil, além dos 11 aeroportos já mencionados acima, que foram concecidos à Aena em março de 2023, a empresa já administrava, desde 2020, os aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Juazeiro do Norte (CE) e Campina Grande (PB), que também contaram com o apoio do BNDES, de R$ 1,04 bilhão.
Ao todo, a Aena responde por cerca de 20% do tráfego aéreo nacional.
“O modelo de negócio da concessionária está alinhado com a Agenda de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, contribuindo com ações locais para alcançar objetivos globais. Na área de influência dos aeroportos, a empresa se coloca ao lado de todos os parceiros para desempenhar um papel de favorecimento do desenvolvimento local, num compromisso permanente com fatores econômicos, sociais e ambientais”, informou a empresa, em nota.
Veja a lista total de aeroportos concedidos pela Aena no Brasil:
- Aeroporto de Campina Grande – Presidente João Suassuna (CPV);
- Aeroporto de Carajás – Parauapebas (CKS);
- Aeroporto de Juazeiro do Norte – Orlando Bezerra de Menezes (JDO);
- Aeroporto de Marabá – João Corrêa da Rocha (MAB);
- Aeroporto de Montes Claros – Mário Ribeiro (MOC);
- Aeroporto de São Paulo/Congonhas – Deputado Freitas Nobre (CGH);
- Aeroporto de Uberaba – Mário de Almeida Franco (UBA);
- Aeroporto de Uberlândia – Tenente Coronel Aviador César Bombonato (UDI);
- Aeroporto Interestadual de Altamira (ATM);
- Aeroporto Internacional de Aracaju – Santa Maria (AJU);
- Aeroporto Internacional de Campo Grande (CGR);
- Aeroporto Internacional de Corumbá (CMG);
- Aeroporto Internacional de João Pessoa – Presidente Castro Pinto (JPA);
- Aeroporto Internacional de Maceió – Zumbi dos Palmares (MCZ);
- Aeroporto Internacional de Ponta Porã (PMG);
- Aeroporto Internacional de Santarém – Maestro Wilson Fonseca (STM);
- Aeroporto Internacional do Recife Guararapes – Gilberto Freyre (REC).
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