Cemig investe quase R$ 6 bilhões em quatro anos
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) investiu quase R$ 6 bilhões nos últimos quatro anos. Os aportes contemplaram diferentes frentes de atuação da estatal. Cerca de R$ 5 bilhões foram destinados à rede de distribuição e mais de R$ 800 mil para ligação de energia na zona rural do Estado. Foram realizadas também ações de inovação, eficiência energética, desenvolvimento, aplicação e aprimoramento de energias alternativas, além de incentivos nas áreas social, cultural e esportiva. O balanço foi divulgado ontem pela atual diretoria da empresa, que fez duras críticas às gestões passadas e apresentou as medidas adotadas para equalizar a situação financeira da companhia. O presidente em exercício, Luiz Humberto Fernandes, chegou a afirmar que, caso a diretoria anterior tivesse organizado melhor as finanças, a Cemig não teria perdido a concessão das usinas hidrelétricas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande, que foram relicitadas pelo governo federal no ano passado. “A gestão anterior abriu mão de recursos em prol de dividendos e realizou aportes vultosos em áreas não prioritárias, elevando as dívidas, deixando a companhia descapitalizada e eliminando sua capacidade de investir”, justificou. Agora, segundo o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Cemig, Thiago de Azevedo Camargo, o trabalho de governança da empresa se baseia em uma gestão responsável, visando à recuperação e à solidez da companhia. Para isso, conforme ele, nos últimos anos, vem sendo adotada uma série de medidas para reduzir os gastos, gerar caixa e capitalizar o negócio. “A empresa aperfeiçoou os processos produtivos, revisou contratos, cortou gastos e renegociou dívidas. Juntas, essas ações já geraram uma economia de mais de R$ 1 bilhão”, citou. Economias – Somente a opção por diminuir os gastos com pessoal rendeu uma economia de mais de R$ 450 milhões à Cemig. Para se ter uma ideia, em 2014 a empresa tinha 7.922 funcionários e hoje conta com 5.928 profissionais. Em três anos, os gastos com a folha de pagamento diminuíram em 25%. Já a melhoria dos processos e revisão de contratos reduziram os custos em mais de R$ 575 milhões desde 2016. Esses recursos foram fundamentais para a expansão do sistema e melhoria da qualidade do fornecimento de energia em toda a sua área de concessão, composta por 774 municípios. Outra importante medida adotada para fortalecer o caixa da Cemig diz respeito aos repasses aos acionistas. Conforme a empresa, entre 2006 e 2014, foram distribuídos R$ 25,6 bilhões em dividendos, o que equivale a quase a totalidade do lucro líquido do período. Agora, segundo Camargo, o percentual foi reduzido para o mínimo previsto no estatuto. “Havia uma política histórica de praticamente dividir todo o lucro em dividendos. Isso impactava diretamente na capacidade de investimento. Agora apenas 50% do lucro é repartido, enquanto a outra metade é reservada para aportes. Essa foi uma decisão de comum acordo com os acionistas e já reflete na saúde do fluxo de caixa”, avaliou. Na prática, a mudança implica em um menor montante repassado. Os R$ 2.035 pagos em dividendos em 2011, por exemplo, caíram para R$ 560 no ano passado. “Temos aí duas mudanças: a redução em 50% do valor e o fato de que só se paga dividendos em caso de lucro. Houve um tempo em que a companhia tomava empréstimos para pagar as participações nos lucros”, explicou o presidente da Cemig. Dívidas – A renegociação das dívidas também foi importante medida para o aprimoramento da estrutura de capital da empresa. Nesse caso, Fernandes citou que a dívida bruta da Cemig em 2014 era de R$ 15 bilhões e, hoje, a líquida está em 12,8 bilhões. “A maior parte tinha vencimentos muito curtos. Hoje estamos com um perfil mais alongado, o que permite mais fôlego à empresa e uma maior capacidade de investir”, destacou. O Programa de Desinvestimento da companhia também foi citado. Desde o ano passado, a empresa trabalha na venda de ativos que não possui o controle acionário ou que não integram seu core business.
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