Codese prepara plano para o futuro de Belo Horizonte

O Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico (Codese) de Belo Horizonte oficializa hoje sua constituição formal como associação sem fins lucrativos. Com cinco grupos de trabalhos já ativos e mais de 60 entidades imbuídas a atuar de forma colaborativa com o futuro da capital mineira, o grupo entrega, nos próximos meses, um plano com ações estruturantes, cujo objetivo é colaborar para decisões estratégicas referentes ao desenvolvimento da principal cidade de Minas Gerais.
Para isso, membros do conselho estão mergulhados desde ontem em um seminário que visa a conhecer as fortalezas e projetos já existentes na cidade, dentro dos vetores de atuação de cada grupo de trabalho. São eles: desenvolvimento econômico, planejamento urbano, desenvolvimento social, educação e inovação e tecnologia.
“Formados por lideranças locais de diversos segmentos, o objetivo dos grupos é contribuir com o crescimento de Belo Horizonte. Esses grupos já vêm trabalhando há meses e entram agora na fase final de construção e balizamento de ações em prol do futuro da cidade”, cita o diretor-executivo do Codese-BH, Elvis Gaia.
A próxima etapa, conforme Gaia, será justamente a entrega do plano com os indicadores que serão trabalhados em câmaras temáticas para o desenvolvimento. Elas assumirão o lugar dos atuais grupos de trabalho e vão discutir os planos executivos de cada vetor.
“Teremos o diagnóstico. Precisaremos então, partir para o planejamento. Oferecer soluções a partir dos indicadores e problemas levantados. A intenção do Codese é ser propositivo”, reforça.
Para isso, o diálogo com o poder público tem sido fundamental. Diferentes órgãos do Legislativo, Executivo e Judiciário têm sido atuantes neste momento. “Inclusive, todos os painéis do seminário contam com integrantes e projetos do Executivo municipal”, diz.
O vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e um dos articuladores do Codese-BH, Teodomiro Diniz, fala sobre a importância do trabalho que vem sendo feito. E lembra a importância de se conhecer o passado para construir o futuro.
“Seguramente temos ótimos projetos já desenvolvidos e realizados em Belo Horizonte. Queremos conhecê-los para saber onde e como atuar. Quando falamos de futuro, pode parecer longe, mas não é. Precisamos atuar de imediato. Unir as pontas para o desenvolvimento e construir uma cidade melhor”, defende.
Para o reitor da Universidade Fumec, Fernando de Melo Nogueira, a realização dos debates em uma instituição de ensino superior reforça o caráter do evento. Ele se refere ao sentido de debater e pensar a cidade de forma conjunta e continuamente.
“Isso traduz a relevância do Codese, que busca ser instrumento de governança colaborativa e reunir entidades em prol do desenvolvimento da capital mineira. Um projeto que não tem medo de ser ousado no aspecto de pensar, planejar e construir a Belo Horizonte do futuro”, define.
Para Nogueira, os debates do seminário são um passo significativo e importante desta construção. “É preciso avançarmos com convicção e competência para fazer de Belo Horizonte uma excelente cidade para se viver. Cidadãos e instituições aspiram novos papéis neste cenário, porque sabem que governos já não dão mais conta de todos os desafios impostos. Daí a importância da consciência, da mobilização e do comprometimento. Plantamos hoje uma semente“, avalia.
O exemplo de desenvolvimento de Maringá
Por fim, o ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá (PR) e um dos idealizadores do Conselho de Desenvolvimento Econômico da cidade, Jefferson Nogaroli, apresentou o exemplo da cidade paranaense.
O município é precursor do primeiro conselho dessa natureza, criado em 1996. Após mais de 25 anos, a organização é a principal parceira da cidade em ações voltadas ao desenvolvimento municipal. Como resultado, segue sendo destaque em rankings nacionais de qualidade de vida.
“Crises são bênçãos disfarçadas de dificuldade que Deus manda de tempos em tempos para que todos possam evoluir. Com Maringá não foi diferente. Naquela época, a cidade vinha crescendo em ritmo acelerado e enfrentou um grande desafio que afetou duramente os cafezais da região. Iniciou-se então uma grande transformação de ideais”, recorda.
Nogaroli defende que uma cidade que não é bem estruturada e bem pensada não evolui. E que o amadurecimento em todos os campos só ocorre a partir da dor.
“Nos anos 1990, tivemos crise em Maringá e, se não mudássemos o rumo, poderíamos entregar uma cidade ainda pior para nossos filhos. O mesmo acontece em outras regiões, como Belo Horizonte, que deseja seguir o exemplo. O que sugerimos é que se acompanhe o Estado e pense a estrutura pública para os anos futuros. Sempre norteando os investimentos públicos e as iniciativas pelo o que se propõe não apenas o setor privado, mas os demais indivíduos da sociedade que almejam e trabalham por uma cidade melhor”, conclui.
Ouça a rádio de Minas