Com queda de 21% no café, exportações de Minas recuam 3,2% em 2023

As exportações de Minas Gerais encerraram os primeiros 10 meses de 2023 em queda. De janeiro a outubro, os embarques movimentaram US$ 33 bilhões, gerando, assim, uma retração de 3,2% frente ao valor registrado em igual intervalo de 2022. No período, as importações chegaram a US$ 13,1 bilhões, valor 11,6% inferior. Entre os produtos, o café, segundo mais exportado, registrou queda de 21%.
Apesar da queda nas exportações e nas importações, a balança comercial do Estado encerrou os primeiros 10 meses do ano com um saldo positivo de US$ 19,9 bilhões, ante o valor de US$ 19,3 bilhões registrado no mesmo intervalo de 2022. Assim, o superávit registrado entre janeiro e outubro cresceu 3,18%, com um aumento de US$ 644 milhões no resultado.
Conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), nos primeiros 10 meses do ano, Minas Gerais respondeu por 11,82% das exportações nacionais e por 3% das importações do País.
Entre janeiro e outubro, a corrente comercial de Minas Gerais ficou em US$ 46,1 bilhões, resultado 5,7% menor frente ao mesmo intervalo de 2022.
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Conforme o consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, o resultado das exportações está abaixo do ano passado, puxado, principalmente, pela queda do café.
“De janeiro a outubro, nós tivemos um resultado pouco abaixo do ano passado, basicamente, gerado pela queda na exportação de café. Também tivemos recuou na soja, no gusa, carne bovina e uma retração muito pequena no minério de ferro. No período, realmente, a queda no café é bem expressiva, cerca de 21%. A carne bovina recuou 34,3%, resultado ainda do embargo feito pela China no início do ano”, explicou.
A tendência para o fechamento do ano é de exportações menores que em 2022. “Para superarmos os resultados de 2022, em novembro e dezembro, teríamos que exportar US$ 7,17 bilhões, ou seja US$ 3,5 bilhões por mês. Acontece que dezembro é um mês com menos dias úteis e, historicamente, com embarques menores. Então, a expectativa é encerrar com as exportações em torno de US$ 39,3 bilhões em 2023, ficando US$ 400 milhões abaixo do valor de 2022 ou com uma queda de 1%”.
Resultado mensal das exportações de Minas Gerais
Considerando somente outubro, o valor gerado com as exportações mineiras foi de US$ 3,3 bilhões, aumento de 3,7% frente ao valor registrado em igual mês de 2022, quando os embarques movimentaram US$ 3,2 bilhões. Em valores, o Estado exportou US$ 116 milhões a mais durante outubro.
Ao contrário das exportações, em outubro, Minas Gerais importou menos. As compras do Estado chegaram a US$ 1,47 bilhão no décimo mês do ano, gerando, então, uma redução de 3% ante os US$ 1,5 bilhão um ano antes. Em outubro, foram US$ 45 milhões a menos movimentados com as importações.
Com o resultado, o saldo da balança comercial, em outubro, ficou em US$ 1,8 bilhão, valor que supera em US$ 161 milhões o registrado em igual mês de 2022.
Principais destinos das exportações de Minas Gerais
Durante os primeiros 10 meses do ano, as exportações para a China somaram US$ 13,1 bilhões. O valor ficou 5% maior, com variação absoluta de US$ 627 milhões. A participação da China ficou em 40%, configurando, assim, no maior parceiro comercial de Minas Gerais.
Em segundo lugar, ficaram os Estados Unidos, com um faturamento gerado com os embarques de US$ 3 bilhões, resultando, então, em uma queda de 13,1%. O País respondeu por 9% dos embarques de Minas. A queda se deve principalmente à redução da demanda pelo café. No período, o valor movimentado com a compra do grão caiu 34%, chegando, então, a US$ 758 milhões, ante os US$ 1,15 bilhão registrados nos primeiros 10 meses de 2022.
A comercialização com a Argentina, terceiro maior comprador de Minas, movimentou US$ 1,77 bilhão, valor 14,4% maior. A participação ficou em 5,4%.
Produtos mais exportados
Dentre os principais produtos exportados por Minas Gerais, os quatro principais – minério de ferro, café, soja e gusa – registraram perdas nos embarques.
Apresentando a maior receita entre os produtos, os embarques do minério de ferro e seus concentrados atingiram um faturamento de US$ 10,3 bilhões. Frente aos 10 primeiros meses de 2022, a queda ficou em 1,95% ou US$ 205 milhões a menos. O produto foi o mais exportado pelo Estado, respondendo por 31% das negociações.
Em relação ao volume, foram exportadas 107 milhões de toneladas de minério, volume que cresceu 4,5% frente ao mesmo período do ano anterior.
No café, a queda foi ainda maior. O faturamento dos embarques do grão ficou 21% menor e movimentou US$ 4,4 bilhões, uma variação negativa de US$ 1,2 bilhão. O grão respondeu por 13% do faturamento das exportações estaduais.
Ao todo, foram embarcadas 1,23 milhão de toneladas de café, queda de 12,6%, ou, quase meio milhão de toneladas de retração.
“Há um problema no mercado do café. A oferta e os estoques mundiais estão altos e, isso, contribui para a queda dos preços, impactando o resultado das exportações e Minas”, explicou o consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre Brito
Destaque também para a redução dos embarques de soja, que responderam por 9,3% das exportações estaduais. O faturamento chegou a US$ 3,1 bilhões, caindo 2,12% se comparado com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram US$ 67 milhões a menos.
No mesmo período, os embarques de ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas foram responsáveis pela movimentação de US$ 2,9 bilhões em exportações, queda de 7,8% frente ao montante registrado no mesmo intervalo de 2022.
Os embarques de ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados), também caíram. Ao todo, as exportações chegaram a movimentar US$ 1,37 bilhão, aumento de 3,87% e participação de 4,1% na pauta exportadora de Minas.
Resultados positivos
Já no sentido contrário, as exportações de açúcares e melaços cresceram 26,4%, chegando a um montante de US$ 1,38 bilhão. O produto respondeu por 4,2% dos embarques.
No que se refere às vendas de celulose, os embarques somaram US$ 850 milhões, 24,9% a mais. As exportações de tubos e perfis chegaram a US$ 462 milhões, crescendo, assim, 62,8%. Os embarques de partes e acessórios de veículos automotivos movimentaram US$ 436, 31,9% a mais.
O representante da Fiemg destaca ainda o bom desempenho do complexo automotivo, cujas exportações passaram de US$ 1,14 bilhão, entre janeiro e outubro de 2022, para atuais US$ 1,23 bilhão.
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