Atacado cresce 14% e acelera recuperação do varejo em Minas
Após dois recuos consecutivos, o comércio varejista demonstrou fôlego e avançou 0,5% em setembro de 2025, acima do registrado no País, (-0,3%). O resultado foi atribuído especialmente pelo setor ampliado, com a recuperação do atacado em alimentos e bebidas, que disparou 14,3% na comparação com setembro do ano passado.
O avanço foi crucial para minimizar a forte queda acumulada pelos atacadistas em 2025, que agora é de -9,3% (contra -12% até agosto). Os dados, divulgados nesta quinta-feira (13), constam no boletim econômico do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), analisado a partir do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado do ano, embora o comércio mineiro tenha crescido 1,6%, variação similar à observada no País (1,5%), no conceito ampliado, houve queda de 0,3% no território e na média nacional. Além do atacado, o desempenho inferior no comércio de veículos, motocicletas e peças (-0,6%), seguem pressionando o mercado ao longo dos meses. O único crescimento é observado nas vendas de materiais de construção (1,4%), no entanto, apresentam desaceleração.
Em nove meses, foram 5 resultados positivos e 4 negativos para o comércio varejista, o que comprova a trajetória de altos e baixos ao longo de 2025. Já no recorte de 12 meses, observa-se um crescimento de 1,7% no Estado.
Segundo o levantamento, as vendas dos supermercados, principal categoria do comércio varejista restrito, seguem com crescimento inferior a 1%, tanto em Minas Gerais quanto no Brasil. A análise aponta que a desaceleração em relação ao observado nos últimos 12 meses e a queda de 1,8% frente a setembro de 2024 reforçam as dificuldades para impulsionar as vendas no ano.
O economista do BDMG, Adriano Miglio, comenta que o desempenho dos atacados em setembro recupera parte do otimismo do setor. A categoria, segundo ele, tem sofrido mais em decorrência da elevada taxa de juros, que impacta o custo de financiamento.
“O grande destaque é que o atacado parou de cair e apresenta indícios de reação. Isso pode sinalizar bons resultados para vendas de fim de ano”, ressalta.
Comércio pujante no último trimestre deve alavancar desempenho do setor
Para o último trimestre, a expectativa é de comércio pujante, impulsionado pelas promoções de Black Friday, aliadas ao período de festas. Os resultados atuais, segundo Miglio, sinalizam que a elevação nas compras do atacado refletem o preparatório para estoques de venda do final do ano, e esse crescimento reflete o otimismo de vendas para o último trimestre.
Além dos bons níveis de empregabilidade, a confiança do consumidor tem reagido no País, assim como o mercado de ações que mantém trajetória positiva diante da projeção de recuperação gradual da atividade econômica. “Estamos observando o comportamento do mercado e a expectativa é positiva diante desses fatores, que devem ser confirmado nos próximos meses”, acrescenta o economista.
Outro destaque que justifica o otimismo da categoria é o avanço de políticas públicas, como Minha Casa Minha Vida, que impulsiona o mercado de construção de imóveis, e o Programa Carro Sustentável, lançado pelo governo federal para incentivar a compra de veículos econômicos. “São exemplos que, quando bem aplicados, podem rever em estímulo direto à cadeia produtiva, ampliando investimentos, gerando empregos e fortalecendo a confiança dos empresários”, conclui Miglio.
No País, os resultados de setembro frente ao mesmo mês do ano anterior, mostram predomínio de índices positivos no comércio varejista, com avanços em 20 das 27 unidades federativas. Dentre os destaques estão Santa Catarina (5,5%), Bahia (5,9%) e Rio Grande do Norte (7,9%), além de Minas Gerais (1,7%). No Brasil, o aumento médio nesse período foi de 0,8%.
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