Concessionárias da RMBH registram fluxo até 80% maior

O programa de estímulo à indústria automotiva tem surtido efeito positivo nas concessionárias de Belo Horizonte e região metropolitana. Os estabelecimentos vêm registrando, desde o lançamento, fluxo intenso de clientes e incremento significativo nas vendas. Os lojistas, porém, demonstram preocupação com a não renovação da medida, visto que os recursos reservados pelo governo federal já estão se esgotando. 

Conforme o gerente-geral do Grupo Roma Brasil, Joubert Barbosa, somente na Roma Renault, com lojas em Belo Horizonte e Contagem, a procura pelos veículos com descontos subiu mais de 60% e a movimentação de consumidores retornou após um período de baixa. Ele ressalta, entretanto, que o governo precisa definir se a medida será ou não renovada, pois há um temor quanto ao fim do limite dos recursos – de R$ 500 milhões para a modalidade. 

“Há uma preocupação tanto por parte da rede de concessionárias quanto pelos clientes em relação à indefinição do governo quanto à prorrogação ou não das medidas. Essa indecisão deixa a gente um pouco tensa porque havia a promessa de que as regras para PJs (pessoas jurídicas) seriam divulgadas em 15 dias, mas até agora nada foi anunciado”, afirma.

Barbosa salienta que estão vendendo carros “no futuro”, sem saber se o cliente será elegível, pois não podem garantir que os recursos estarão disponíveis quando o veículo estiver pronto. Ele ainda reitera que mais de 60% dos incentivos já foram consumidos e já começam a faltar modelos para a venda. 

Demanda das concessionárias tende a diminuir se o benefício acabar

Nas concessionárias do Grupo Carbel, o programa do governo também fomentou as negociações e o fluxo de visitantes. Segundo o diretor titular da empresa, Arthur Pentagna Guimarães, responsável pela Carbel Korea (da marca Hyundai) e pela Carbel Volkswagen Savassi e Carbel Volkswagen Prado, as vendas do fim de semana foram bastante positivas.

“Nesse final de semana, em específico, as vendas foram muito boas. Tivemos uma conversão de fluxo de clientes de 38% na Hyundai e 27% na Volkswagen”, destaca.

O diretor da Carbel Nissan, Thiago Maia, afirma que os dois estabelecimentos sob sua responsabilidade, ambos situados na Capital, também sofreram impactos consideráveis com a iniciativa. Conforme ele, o número de clientes interessados em adquirir os veículos ou informações sobre os mesmos, seja por telefone, internet ou presencialmente, aumentou em 80%. Do mesmo modo, as visitas dos consumidores às lojas tiveram incremento de 60%.

De acordo com ele, as vendas aumentaram significativamente e, apenas nos finais de semana, a alta foi de cerca de três vezes na comparação a um final de semana comum. Maia ainda ressalta que os estabelecimentos já enfrentam a escassez de modelos devido aos incentivos do programa. E pondera que se o governo não renovar a política, não será possível nem fechar o mês de junho concedendo os benefícios para os consumidores. 

Segundo o diretor, é muito difícil prever se haverá uma queda na demanda após o término dos recursos, isso porque a confiança do mercado está sendo retomada com outros fatores como a baixa no dólar e na gasolina, que também devem estimular as vendas. Além disso, os últimos seis meses do ano, geralmente são melhores para as concessionárias. Entretanto, ele reitera que a tendência é haver uma diminuição com o término do programa. 

“Se o benefício acabar, as pessoas não vão comprar um carro valendo R$ 12 mil acima. Elas vão adiar e esperar para ver o que vai acontecer no segundo semestre. Porém, historicamente, nosso segmento tem um segundo semestre melhor do que o primeiro. De toda maneira, acredito que a política precisa ser renovada para dar consistência ao crescimento”, ressalta.

Medida resvala em seminovos e categoria têm alta nas vendas

Embora não se enquadre na medida do governo, que concede descontos somente aos carros zero quilômetro – de até R$ 120 mil – a categoria de seminovos tem se beneficiado da iniciativa. É o que ressalta o diretor da Carbig.com, Felipe Pessoa, responsável pela rede que possui 15 lojas, sendo uma em Contagem e 12 em Belo Horizonte.

Segundo Pessoa, na primeira semana de junho, houve uma retração nas negociações, em função da espera dos clientes para ver, de fato, o que aconteceria com os preços dos veículos novos. A situação, porém, se inverteu e vários clientes resolveram adquirir seminovos após não encontrarem uma seleção de modelos com desconto tão completo como queriam. Logo, as vendas subiram 100% na segunda semana em relação à primeira e de 30% a 40% em relação à média de antes do imposto. 

“Esse fator estimulou clientes que antes não estavam considerando trocar de carro. Eles foram até a concessionária e viram como funcionava a dinâmica dos preços e modelos que estavam contemplados e resolveram olhar os usados, que também tiveram uma redução de valores e ficaram mais atrativos”, destaca.