Confiança do consumidor registra queda expressiva em Belo Horizonte

O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH) registrou queda expressiva de 6,91% em janeiro. Entre os fatores que levaram os belo-horizontinos a ficarem pessimistas está a instabilidade da moeda brasileira e fatores sazonais, como o aumento nas despesas das famílias no início do ano.
O levantamento, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de MG (Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), agora marca 40,6 pontos em uma escala de zero a cem. Com a variação negativa, o índice acumula queda de 4,85% nos últimos 12 meses. Em janeiro, a retração ocorreu pela queda na percepção da população em todos os seis componentes do índice.
A percepção quanto à inflação foi a categoria que registrou o maior recuo, de 18,41%. Em seguida, emprego (-15,65%), pretensão de compra (-4,09%) e situação financeira da família em relação ao passado (-3,88%) também registraram quedas acentuadas.
Logo depois, a situação econômica do País e situação financeira da família atual também recuaram 2,74% e 1,56% respectivamente. Embora em queda, a expectativa financeira atual por parte da família é a única categoria em patamares desejáveis, posicionando-se com 60 pontos: 10 pontos acima do mínimo ideal.
De acordo com o economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, a queda pode ser explicada por efeitos sazonais característicos do mês, bem como pela atual percepção econômica do Brasil frente a desvalorização da taxa de câmbio. “Janeiro é um mês onde se concentram mais despesas, impostos e reajustes anuais. Além disso, o período tende a afetar mais as famílias por ser época de contenção de gastos com relação a dezembro, além dos preparativos para o início do ano letivo escolar”, avalia.
O período, segundo ele, também reflete impactos notáveis de meses anteriores, como o cenário econômico de instabilidade registrado em dezembro, impactado por altas históricas no preço de moedas, como o dólar estadunidense. “O cenário do último mês do ano passado afetou e mudou para mais negativa a expectativa da população com relação cenário econômico brasileiro”, destaca.
Com relação ao emprego, a queda na confiança do consumidor pode ser explicada como consequência do impacto de outras retrações, já que tanto Belo Horizonte quanto o País mantém bons índices de empregabilidade. Para o economista, a retração também pode ser resultante de uma preocupação quanto à estabilidade do emprego para os próximos meses, além de eventuais reversões do número de vagas disponíveis em comparação com o final do ano passado – período de alta, especialmente em empregos temporários.
“Por mais que o desemprego esteja baixo, podemos ter mais pessoas inseguras quanto à estabilidade do emprego. Além disso, a alta informalidade, o elevado custo de vida e os desafios do microempreendedor individual podem contribuir com essa percepção”, pontua Santos.
Quedas recentes do dólar é indicativo otimista para os próximos meses
Embora em queda, a situação financeira da família segue melhorando no último ano. O resultado negativo do último mês pode ser explicado pela sazonalidade de janeiro, além de maior pressão no custo de vida, sobretudo no preço de alimentos, afetando como a família enxerga a própria situação financeira.
Para os próximos meses, a expectativa é otimista, principalmente em decorrência da queda nas taxas de câmbio observadas nos últimos dias. “Esse fator, caso permaneça, ajudará a segurar os preços. Podemos ter uma inflação menos forte ao longo desse período, além de previsões favoráveis como a melhora do regime de chuvas, que pode baratear o preço de alimentos e energia”, acrescenta o economista.
Quanto ao futuro, Santos ressalta que o governo federal segue se movimentando em algumas frentes, especialmente para assegurar preços mais acessíveis aos alimentos. “A depender desses resultados teremos mais um fator para segurar os preços e eventualmente melhorar a percepção das famílias quanto à economia”, finaliza.
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