Consequências de uma guerra comercial
A crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a República Popular da China, cuja origem está nos permanentes ataques cometidos pelo governo Trump, é um fato que pode ter graves consequências econômicas a nível global. Para alguns especialistas, como Paul Krugman, trata-se de um “conflito notadamente estúpido”, produto da ignorância da atual administração norte-americana. A sua razão está no projeto do atual secretário de Defesa daquele país, denominado de “estratégia nacional de Defesa dos Estados Unidos da América 2018”, que consiste em afirmar que a nação se encontra competindo estrategicamente com a China. Esse país está empenhado em cumprir sua meta de converter-se em “sociedade moderada próspera” em 2021 e numa nação “plenamente desenvolvida e avançada” em 2049. Para que isso aconteça, será necessário superar o modelo de exportações baseado na mão de obra barata, tornando-se um modelo econômico necessariamente amparado num sólido avanço tecnológico. Trata-se de um processo que está em marcha, o qual, de acordo com estudos recentes, demonstra o fato de que atualmente a China já investe mais em investigação e desenvolvimento, do que toda a União Europeia em seu conjunto. Daí ser possível que, já em 2020, supere o gasto realizado pelos Estados Unidos nessa mesma área. Neste contexto, torna-se lógico que os Estados Unidos venham a utilizar a guerra comercial como um mecanismo capaz de, pelo menos, retardar o progresso da China. Com efeito, a disputa que agora é elevada não se circunscreve ao plano comercial, constituindo um instrumento da atual potência dominante destinado a assegurar a sua deteriorada hegemonia econômica e militar. * Advogado, Conselheiro Nato da OAB, Diretor do IAB e do Iamg
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