Consumidor deve arcar com revisão de sistema da Petrobras
São Paulo – Manutenções programadas em uma plataforma e em termelétricas a gás da Petrobras entre esta semana e meados de setembro deverão exigir no período um maior acionamento de térmicas a óleo, mais caras e poluentes, para atender à demanda por energia em meio à falta de boas chuvas nas hidrelétricas, segundo informações de autoridades e especialistas. Os efeitos da parada nas usinas da estatal chegaram a acender um alerta na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que inclusive questionou nesta semana o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre a possibilidade de reprogramação ou reescalonamento, mesmo que em caráter parcial, nas atividades de manutenção. Isso porque o acionamento de térmicas com maiores custos resultará em custos adicionais para as distribuidoras de energia, que em algum momento chegarão aos bolsos dos consumidores. Segundo o documento da Aneel ao ONS, uma operação de manutenção na plataforma de Mexilhão até o início de setembro reduzirá a oferta de gás para o Sudeste e o Nordeste, e a Petrobras aproveitará para realizar reparos em cerca de 2,1 gigawatts em térmicas. “Ocorre que a referida manutenção foi programada para o período seco… essa condição sugere que, sob a ótica do setor elétrico, o momento escolhido para a parada não tenha sido o mais adequado, visto que o sistema demanda a geração térmica para preservar água nos reservatórios”, argumentou a agência reguladora. A parada da plataforma de Mexilhão, segundo informou a Petrobras em seu site, teve início na terça-feira e vai durar 45 dias. O objetivo será aumentar a sua capacidade de escoamento de gás no sistema de gasodutos da Rota 1 do pré-sal para atender à produção futura da Bacia de Santos. Após essa intervenção, a estatal informou que a estrutura logística de escoamento do pólo pré-sal da Bacia de Santos terá capacidade para exportar gás até a unidade de tratamento de Caraguatatuba, em São Paulo, de forma integrada aos outros sistemas de gasodutos da Petrobras. A plataforma de Mexilhão produziu, em maio, 5,505 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia (m3/d), segundo os últimos dados publicados pela ANP, agência reguladora do setor de petróleo no Brasil. A ausência do volume faz com que o mercado tenha que buscar outras fontes de energia. Demanda – As hidrelétricas são a principal fonte de energia do Brasil, mas após o final do período de chuvas, que vai até abril, é normal o acionamento de térmicas para complementar o atendimento à demanda, o que acontece em ordem crescente, das com menor custo até as mais caras, que são as unidades a óleo e diesel. Atualmente, estão acionadas usinas a gás e carvão, e apenas uma térmica a óleo, a UTE Bahia I, mas especialistas avaliam que mais unidades a óleo deverão ser despachadas no próximo mês com o início da parada nos empreendimentos da Petrobras. A comercializadora de energia Tesla estima que o custo da usina mais cara a ser ligada para atender à demanda, o chamado custo marginal de operação do sistema (CMO), poderá subir para entre R$ 680 e R$ 700 em agosto, contra cerca de R$ 600 atualmente. “Com isso, o acionamento de termelétricas a óleo será inevitável”, disse o sócio da Tesla Energia, Gustavo Coelho.
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