Economia

Consumidores mudam hábitos na Capital com a pandemia

Consumidores mudam hábitos na Capital com a pandemia
Segundo pesquisa da CDL/BH, para 44% a necessidade é o principal motivo para as compras | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Pesquisa sobre educação financeira, realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) com 250 consumidores, entre 7 e 16 de junho, revelou mudanças no comportamento do belo-horizontino durante a pandemia. Ele tem optado por pagar suas contas com antecedência, para evitar a inadimplência e aproveitar sua renda da melhor maneira possível.

A economista da entidade, Ana Paula Bastos, percebe mudanças nas pesquisas anteriores à pandemia, quando o percentual de compra por impulso era superior a 20%. “Havia também grande endividamento no cartão de crédito e as pessoas não possuíam reserva financeira, uma poupança. Isso mudou”, afirma.  

Sobre as razões, ela atribui incertezas com relação ao futuro econômico, agravadas pela pandemia. “Os consumidores começaram a manter uma reserva financeira para emergências. Estão dando preferência a pagamentos à vista, evitando o parcelamento a longo prazo. Isso foi percebido também em nossas pesquisas sobre datas comemorativas – Dia das Mães e Dia dos Namorados”, acrescenta.

Ana Paula Bastos acredita que é uma tendência que veio para ficar, pois as pessoas aprenderam educação financeira da pior forma. “Muita gente teve seu contrato de trabalho renegociado, muitos com redução de renda, e até suspensão. Tiveram realmente que se adaptar a uma nova realidade”, lamenta. Para ela, o comércio já se adequou às mudanças, porque foi um setor muito sacrificado com a pandemia.  

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Entre os entrevistados da pesquisa sobre educação financeira realizada pela CDL/BH, 32% revelaram ser responsáveis por todas as contas da casa, 52,4% por alguns compromissos financeiros e apenas 14% pelas contas pessoais.  

Questionados sobre o planejamento adotado para quitar as contas, 43,9% informam que pagam com antecedência, 38,6% na data de vencimento e 9,8% priorizam as contas básicas e depois pagam o restante. Atentos às incertezas geradas pela pandemia e seu impacto na economia e no mercado de trabalho, 68,8% dos moradores da capital mineira guardam parte do dinheiro que recebem do salário.

Como meio de poupança, 60,5% optam pela poupança bancária, 18% preferem a conta corrente, 13,4% aplicam em CDB e 10,5% guardam o dinheiro em casa. Outras opções citadas foram ações (5,8%), títulos de capitalização (3,5%), fundo de ações (2,9%) e previdência privada (2,9%).

Para 64,7% dos entrevistados, o principal motivo para guardar dinheiro são as emergências. Na sequência, com 14,5%, o motivador é o financiamento de bens duráveis, como casa própria e/ou automóvel. Viagens e lazer ocupam a terceira posição (7,6%), seguida de aplicação em poupança ou outros investimentos (6,4%); aposentadoria (2,3%) e pagamento de escola ou faculdade (1,7%).

Num corte por gênero, a pesquisa da CDL/BH revela que as mulheres (83%) tendem a efetuar mais compras a prazo que os homens (72,2%) e o principal motivo é o fato de o sexo masculino possuir melhores condições de trabalho, menor taxa de desemprego e maior rendimento real.

Apesar de seis em cada dez belo-horizontinos (64,8%) não terem tido acesso à educação financeira ao longo da vida, 77,2% dos entrevistados afirmam avaliar a própria situação econômica antes de realizar compras. No recorte por gênero, homens e mulheres (oito em cada dez) estão empatados no acompanhamento de gastos e na análise da situação financeira antes de comprar.  Mas, a fatia dos que nunca analisam (9,6%) ainda é significativa.

Ouça a análise da economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos

Desejo, necessidade, vontade 

Desde o último ano, os consumidores têm se programado melhor. Para 44%, a necessidade é o motivador para realizar compras. 28,4% afirmam que se planejam com antecedência. Já promoção ou liquidação são o incentivo para 16,4%; se gostaram do produto aparece como resposta de 10,8% dos consumidores, seguido de 0,4% que compram se têm crédito aprovado.

Para pagar essas compras, 69,6% dos entrevistados escolhem o pagamento à vista no cartão de débito. Em seguida, aparecem: pagamento à vista no cartão de crédito (38,8%); dinheiro (33,2%); parcelado no cartão de crédito (31,6%); PIX (8,0%) e à vista no boleto bancário (2,4%).

Nos últimos 12 meses, 75,2% dos consumidores afirmam ter realizado compras a prazo. Neste recorte, o cartão de crédito foi a principal forma de pagamento (94,9%).

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