Consumo no mercado livre de energia aumenta 7% no Brasil

O consumo de energia no mercado livre está em pleno crescimento. Nos últimos 12 meses, a demanda aumentou 7% e totalizou 24.147 MWmed em julho. Com a alta, a participação do mercado livre já representa 37% do volume total consumido no Brasil. Em Minas Gerais, a participação é de 52%, perdendo apenas para o Pará. A demanda maior é resultado dos preços mais competitivos. Em média, o valor da energia é 38% menor que a tarifa praticada pelas distribuidoras.
De acordo com os dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), em relação ao desempenho, o mercado livre de energia conta com 28.575 unidades consumidoras, um aumento de 19% nos últimos 12 meses. No período, o saldo líquido de consumidores que migraram para o ambiente de livre contratação atingiu 4.610 unidades consumidoras.
Na prévia dos primeiros 15 dias de agosto, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o Brasil consumiu 63.519 megawatts médios de energia elétrica, um aumento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2021. No intervalo, o mercado livre, que abastece a indústria e grandes empresas, como shoppings e redes de varejo, consumiu 23.219 MW médios, montante 5,7% maior na comparação com o ano anterior. Em Minas Gerais, o consumo ficou 3% superior nos primeiros 15 dias de agosto.
O vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, Bernardo Sicsú, explica que o crescimento ocorre pelo preço mais acessível e pela busca por energia mais limpa.
“O crescimento continua forte. Em 12 meses, registramos uma alta de 7,1% no consumo e, com isso, o mercado livre já responde por 37% do consumo no País. É um percentual que cresce mês a mês. Minas Gerais, neste último levantamento, foi o estado com o segundo maior percentual com consumo no mercado livre, 52%, perdendo somente para o Pará, com 53%, e ficando acima da média Brasil. Minas está dando exemplo. esse maior consumo é resultado do grande industrial”.
Em julho, a redução de preços da energia para os consumidores no mercado livre chegou a 38% em média, uma diferença entre a tarifa média das distribuidoras (R$ 280/MWh) e o preço de longo prazo do mercado livre (R$ 174/MWh).
“O valor do MW/h estava muito próximo ao piso, reflexo que veio, principalmente, do bom regime de chuvas registrado no início do ano. Não tem como falar uma tendência de preços para os próximos meses porque depende de várias questões, como clima, crescimento da carga, entre outros”.
Consumo por atividade
Em relação ao consumo por atividades econômicas, de acordo com a CCEE, a retomada de importantes setores tem estimulado o aumento do consumo. Na primeira quinzena de agosto, o setor de madeira, papel e celulose liderou o ranking, com avanço de 15,1%, seguido por serviços (10,6%) e bebidas (9,8%). As únicas quedas foram registradas nos segmentos de telecomunicações (-0,3%), têxteis (-2,2%) e minerais não-metálicos (-5,3%).
A tendência é de crescimento no consumo. “O mercado livre tem investido muito na produção de energia renovável para atender a demanda dos consumidores. Estamos sendo o vetor para a transição energética e para atender o anseio do consumidor que precisa de uma energia limpa e mais barata”.
Demanda pelo GLP está em baixa no País
São Paulo – O consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre de 2022 e registrou o pior desempenho desde 2014. A venda de botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP) teve queda de 4,5% em relação ao período de janeiro a junho de 2021, mesmo com a criação do Auxílio Gás, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no final do ano passado.
O maior impacto aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, com redução de 5,9% e 5,7% no consumo do primeiro semestre, respectivamente. Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os estados mais afetados, com diminuição de venda de botijões de quase 8%. Em São Paulo, a queda foi de 5,9%, e no Rio, de 4,2%.
O levantamento foi feito pelo Observatório Social do Petróleo, ligado a sindicatos de petroleiros e que monitora as políticas e ações da Petrobras, a partir de dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre GLP vendido em vasilhames de até 13 quilos, os mais usados em residências.
“Essa queda ocorre tanto por conta do preço elevado do botijão quanto pela crise econômica. Neste primeiro semestre, o GLP foi vendido em média por R$ 110,36 (em valores deflacionados para julho de 2022), preço 40% superior à média real do restante da década verificada”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Dantas aponta que, em 2021, o consumo de lenha atingiu seu maior patamar em mais de uma década, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Desde 2018, com a escalada do valor do gás, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da EPE. A principal fonte de consumo é a energia elétrica e, em terceiro lugar, aparece o GLP.
“O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o Auxílio Gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema”, afirma. (Guilherme Seto/Folhapress)
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