Melhora em reservatórios pode baratear conta

23 de fevereiro de 2022 às 0h28

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Os reservatórios que integram o Sistema Interligado Nacional (SIN) de geração e transmissão de energia elétrica estão operando com 66,21% do volume útil de águas. O dado reflete a atualização mais recente divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na última segunda-feira, 21 de fevereiro. Mas, considerando o mesmo período do ano passado, quando os reservatórios tinham os níveis em 42,22%, o presente momento para o setor energético se mostra mais confortável. 

Para as empresas e os consumidores residenciais, essa favorabilidade dos reservatórios, se mantida até o final da estação chuvosa e atestada a capacidade de enfrentamento do período seco, de abril a meados de setembro, pode resultar em preços mais baixos na fatura de energia. É com esse otimismo que o ex-presidente da Eletrobras, Aloísio Vasconcelos, analisa o cenário.

“A sinalização é muito boa. O volume de chuva que tem caído, principalmente nas cabeceiras dos rios e nos locais onde estão os reservatórios, é um prenúncio bom de estabilização da balança energética. Nem os mais pessimistas agora falam em uma crise, e eu imagino que em abril nós teremos um quadro real da situação com o levantamento de dados dos reservatórios”, afirmou o especialista em energia Aloísio Vasconcelos. 

Preços no mercado livre 

O cenário que se delineia está distante, por exemplo, dos preços registrados no mercado livre de energia em abril do ano passado e que tiveram alívio somente em setembro, quando as primeiras chuvas da primavera afastaram a crise hídrica e energética, além da alta dos preços. Naquele período, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) chegou ao máximo de R$ 583,88, um valor que afetava a compra de energia excedente à contratada e impactava também os novos contratos do mercado livre. 

Atualmente, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), desde novembro de 2021 o preço médio mensal em todo o País não ultrapassa R$ 100,00, sendo que, neste fevereiro, o valor médio do PLD está na faixa de R$ 60,00, com variações a depender da região. 

No entanto, conforme lembra Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), existe no mercado livre, além do PLD, que sofre as influências diretas dos volumes dos reservatórios, o preço bilateral, que se dá pela negociação entre quem vende e quem compra energia elétrica. Nesses contratos, ainda de acordo com Ferreira, o impacto dos reservatórios é basicamente nulo.  

“Na maioria dos casos (de contratação pelo preço bilateral), cerca de 70% deles, os contratos de compra e venda de energia têm um prazo superior a 2 anos e o restante têm um prazo superior a 4 anos. Então todos esses clientes que estão contratados nesse período estão protegidos de variações de reservatório. Eles têm um preço de energia contratado, tabelado e fixado, que é reajustado por indicador de inflação, que na maioria das vezes é medida pelo IPCA”, explica o presidente-executivo da Abraceel. 

Para exemplificar essa diferença, Ferreira avalia que aqueles clientes que contrataram, antes da escalada dos preços, 100 megawatts e gastaram 10 a mais estão menos expostos do que aqueles que dependem do PLD para a contratação e que, portanto, podem sofrer com os diversos fatores que regulam o preço no mercado da energia. 

Além disso, em relação à tendência de preços, Ferreira afirma que as previsões sobre o PLD devem ser feitas apenas ao final do período úmido e início do período seco. “Não temos clareza ainda se o Operador Nacional do Sistema, ainda que, com reservatórios acima da média, vai despachar as térmicas para encerrar o exercício de 2022 com mais conforto”, pontua Ferreira. 

O presidente da Abraceel acrescenta também que um dos fatores positivos do mercado livre é a previsibilidade, já que, enquanto no mercado cativo o aumento da tarifa foi acima de 21%, na negociação com as comercializadoras o reajuste tem como base a inflação, o que o tornou 50% menor no mercado livre em 2021, por exemplo. 

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