Contas em atraso serão corrigidas pelo IPCA

As contas de luz em atraso agora serão corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice de inflação no Brasil e calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e não mais pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getulio Vargas.
A decisão foi tomada ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e vale para as contas que ficarem atrasadas a partir do dia primeiro de junho.
A mudança foi feita tendo em vista o avanço do IGP-M no País, que nos últimos 12 meses apresentou alta de mais de 31%, em meio a todos os reflexos da pandemia da Covid-19 no Brasil. O IPCA, no mesmo período, por sua vez, registrou um incremento de aproximadamente 6%.
A alta do IGP-M, inclusive, também já motivou o Projeto de Lei (PL) 1026/21, do deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), que pretende também substituir o índice pelo IPCA nos ajustes dos aluguéis no País.
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Nesse cenário, especialistas do setor de energia consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO não se mostraram contra a decisão da Aneel. Foram ressaltados, inclusive, os ganhos sociais que se tem com a mudança.
Consultor na área de energia, Aloisio Vasconcelos salienta que, no momento em que o Brasil está atualmente, é necessário que a solidariedade se faça presente nas mais diferentes frentes.
“A decisão é muito importante do ponto de vista social. É um ganho para a sociedade como um todo, mas principalmente para as pessoas que têm menos condições financeiras”, diz ele.
O consultor na área de energia destaca ainda que os reflexos para as distribuidoras não levarão a grandes prejuízos ou reduções drásticas de faturamento, não afetando de forma muito impactante os números delas.
“Evidentemente que terão um faturamento levemente menor, mas não a ponto de prejudicar o balanço delas, nem prejudicar o equilíbrio do contrato”, afirma.
Vasconcelos diz que isso ocorre tendo em vista que não se pode contar com algo imaginário para o faturamento. Agora, diz ele, o que deve ser feito é uma adaptação nos custos diante da redução nas faturas.
Sócio-diretor da Enecel Energia, Raimundo Neto também afirma que não é contra a decisão tomada pela Aneel. Ele destaca que a mudança é boa para o consumidor neste momento, uma vez que o reajuste com base no IPCA é menor do que aquele realizado utilizando o IGP-M.
Longo prazo – Em relação às distribuidoras, diz ele, o longo prazo também deve ser avaliado. Raimundo Neto lembra que, neste momento, o crescimento do IPCA está menor do que o do IGP-M, mas que nem sempre foi assim. “Já houve épocas em que a situação foi ao contrário”, salienta ele.
Custos com subsídios vão avançar 9% neste ano
São Paulo – Os custos de diversos subsídios e políticas públicas bancados por encargos cobrados nas contas de luz dos brasileiros vão crescer 9% em 2021 frente aos valores do ano passado, para um total de R$ 23,9 bilhões, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ontem.
A tendência de elevação alerta para o crescente peso desses incentivos sobre as tarifas, disse o diretor-geral do regulador, André Pepitone, embora com a ressalva de que os gastos maiores não terão impacto sobre os consumidores neste ano.
Ele explicou que esse alívio se deve à medida provisória 998, sancionada pelo governo em março, que permitirá o uso de verbas que elétricas direcionariam antes a programas de pesquisa para o abatimento de encargos tarifários nos próximos anos.
Com isso, o peso dos subsídios nas tarifas aumentará em R$ 2 bilhões, mas o fluxo de receitas permitido pela MP direcionará R$ 2,2 bilhões para reduzir os efeitos sobre os consumidores em 2021.
“A cota que de fato vai para a tarifa do consumidor está tendo uma redução, desde 2015 acho que é a primeira redução na cota, está caindo 2,6%”, disse Pepitone, durante reunião de diretoria da Aneel transmitida on-line.
O custo dos subsídios e programas estatais embutidos na conta de luz são bancados pelos consumidores por meio de encargo conhecido como Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). (Reuters)
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