Crise no País não foi suficiente para afetar resultados da Aperam
A Aperam South America, com planta em Timóteo (Vale do Aço), conseguiu passar pela crise da indústria nacional do aço, considerada a pior que o setor já enfrentou, sem grandes turbulências graças às exportações e à flexibilidade de produção entre os aços fabricados pela companhia. Basicamente, a siderúrgica consegue aumentar o volume produzido de um tipo de aço, em detrimento da redução em outro, de acordo com a demanda. A companhia é uma produtora integrada de aços planos inoxidáveis e elétricos, além dos aços planos especiais de carbono. O aço inox tem ampla aplicação na indústria automotiva, na linha branca, em bens de capital e cutelaria, entre outros. O aço elétrico pode ser usado em transformadores, motores elétricos e geradores. E o aço especial de carbono é usado em ferramentas, em algumas peças de automóveis e implementos agrícolas. “Uma das razões que conseguimos passar bem pela crise, com o mercado caindo cerca de 30% entre 2013 e 2016, é a flexibilidade grande entre nossos produtos. Se olharmos para nosso faturamento, pouco menos da metade vem do aço inoxidável, outro percentual grande vem dos elétricos e cerca de 20% do aço-carbono. Conseguimos aumentar a produção de um tirando um pouco do outro, conforme a demanda do produto”, explicou o presidente da Aperam, Frederico Ayres. Segundo ele, essa flexibilidade foi uma “arma” que essa empresa teve nos últimos anos ante o encolhimento do mercado interno. Para se ter uma ideia, o presidente da Aperam contou que, entre 2013 e 2016, o consumo aparente do aço inox no Brasil caiu 23% e o de aços elétricos recuou em torno de 30%. Exportações – Uma outra estratégia adotada pela Aperam frente a fraca demanda no ambiente interno, nos últimos anos, foi focar nas exportações. As vendas externas da companhia alcançaram seu ápice por volta de 2015, chegando a uma participação próxima de 50% nas vendas totais. Hoje, as exportações respondem por cerca de 20% das vendas da siderúrgica. De acordo com o presidente da Aperam, as exportações da companhia são distribuídas por todo o mundo, mas, devido à proximidade geográfica, as Américas têm importante representatividade como destino das vendas externas. “Somos mais competitivos nas exportações para países das Américas, mas vendemos para o mundo inteiro”, afirmou. Devido aos tipos de aço que a companhia produz, sem um concorrente direto instalado no País, Ayres explicou que a maior concorrência para a empresa é com o aço importado, especialmente da China, que produz, por exemplo, pouco mais da metade do aço inoxidável do mundo. Greve dos caminhoneiros – O presidente da Aperam revelou, ainda, que a paralisação dos caminhoneiros, na última semana de maio, não impactou somente na entrega de produtos ou na chegada de insumos. “Refletiu na produção. Chegamos a parar os dois altos-fornos, alternadamente, e tivemos perdas de capacidade sim”, disse. Mesmo assim, Ayres explicou que, em termos de rendimento e produtividade, a produção do primeiro semestre de 2018 “foi melhor” do que a do mesmo período do ano passado. O presidente da Aperam lembrou que, entre dezembro de 2017 e fevereiro deste exercício, um dos altos-fornos da usina de Timóteo, o maior, passou por uma reforma, onde o revestimento interno de material refratário do equipamento foi trocado. A planta de Timóteo é uma das seis usinas do grupo Aperam no mundo. Além da unidade mineira, o conglomerado opera duas usinas na Bélgica e três na França. Ao todo, a capacidade de produção da companhia chega a 2,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano, sendo que cerca de 900 mil toneladas saem da usina do Vale do Aço. Na usina de Timóteo, são dois altos-fornos, que utilizam 100% de carvão vegetal proveniente de florestas plantadas da própria Aperam. No total, são aproximadamente 3,3 mil funcionários, sendo 2,3 mil na usina e 1 mil na área ambiental. Em 2017, 36% dos insumos usados pela área de siderurgia foram adquiridos na região de Timóteo e Vale do Aço.
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