Custo da construção civil avança 4,57% em um ano e setor revisa crescimento
A pressão dos materiais e os reajustes na mão de obra continuam elevando o custo da construção civil em Minas Gerais. Em outubro, o setor registrou variação de 0,2% no Estado, ao passo que em 12 meses, o incremento chega a 4,57%, com metro quadrado a R$ 1.752,26.
Os dados fazem parte do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Caixa Econômica Federal. Apesar do avanço, o resultado segue inferior ao observado no Brasil, cujos preços saltaram para R$ 1.877,29/m², elevando preços em 5,3%.
A economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos, ressalta que, embora elevados, os custos já começaram a apresentar um ritmo mais condizente com a inflação após a desestruturação das cadeias produtivas durante a pandemia.
“Notamos que em outubro o índice veio em um patamar mais comportado, e, apesar de ainda se posicionar superior à inflação, está abaixo de setembro e de outubro do ano passado”, complementa a economista.
Embora a pressão sobre os materiais tenha pesado no último mês, o custo com mão de obra é apontado como o principal fator em termos nacionais. O motivo está atrelado às negociações salariais, onde vários estados já realizaram a data-base dos trabalhadores.
Somado a isso, o mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego nos menores patamares da série histórica, iniciada em 2012, torna o mercado mais resiliente e competitivo em termos operacionais. “Mão de obra corresponde a cerca de 50% do custo da construção, e quando aumenta reflete diretamente no setor”, pontua Ieda Vasconcelos.
As sucessivas altas, no entanto, não refletem diretamente no preço final do imóvel lançado. A economista reforça que, embora tenha um peso relativo, o custo final é determinado por uma série de fatores, que envolvem a valorização de uma determinada região, aliada ao comportamento da demanda local.
“Quanto menor oferta e maior demanda, mais elevados serão os preços. Essa formação depende de vários fatores e o custo é um deles, por isso essa relação não é automática”, reforça.
Juros altos pressionam e setor revisa crescimento para 2025
Para os próximos meses, a expectativa é que os preços da construção elevem ainda mais em Minas Gerais, impulsionado pela data-base de trabalhadores em Belo Horizonte e Região Metropolitana. O período será marcado pelo início de negociações salariais, que quando forem fechadas, devem resultar em um incremento na mão de obra.
No País, a manutenção dos juros em patamares elevados preocupa o setor produtivo, inibindo e postergando investimentos em razão do alto custo do crédito. “Quando o construtor precisa de crédito, ele encontra taxas muito mais altas. Essa pressão encarece o projeto e cria um ambiente de maior dificuldade para todo o setor”, observa.
Em função disso, a construção civil, que projetava, em dezembro do ano passado, crescer 2,3% em 2025, agora projeta 1,3%. A revisão ocorreu no último mês pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
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