Economia

Investimentos da Century em novo data center na RMBH devem ultrapassar a cifra de R$ 1 bilhão

Estrutura está prevista para começar a operar no primeiro semestre de 2026 na RMBH, em cidade ainda a ser definida
Investimentos da Century em novo data center na RMBH devem ultrapassar a cifra de R$ 1 bilhão
Primeiro data center foi inaugurado no fim de 2022 e inicialmente foram investidos cerca de R$ 30 milhões, montante que tende a ir a R$ 100 milhões | Foto: Diário do Comércio / Thyago Henrique

Os investimentos da Century no novo data center na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) devem superar R$ 1 bilhão após seis ou sete anos de funcionamento. A estrutura está prevista para começar a operar no primeiro semestre de 2026. É o que projetam executivos da empresa mineira em exclusiva ao Diário do Comércio.

A reportagem conversou com o CEO Fernando Barbosa, o vice-presidente Alonso Gomes, o diretor de Data Center Sérgio Trede e o diretor de Comunicação Emerson Ribeiro. A entrevista ocorreu durante uma visita ao data center que a prestadora de serviços de telecomunicações e tecnologia da informação possui no município de Contagem.

Conforme anunciado anteriormente, a Century investirá R$ 150 milhões na construção de um segundo data center na RMBH. As lideranças explicam que esse valor refere-se ao aporte inicial, visto que a estrutura será modular e, de acordo com a demanda, passará por expansões ao longo do tempo, possibilitando que as inversões ultrapassem a cifra bilionária.

Segundo eles, a mesma estratégia foi usada no primeiro data center, inaugurado no final de 2022. Inicialmente, foram investidos cerca de R$ 30 milhões, montante que tende a ir além dos R$ 100 milhões quando a operação estiver 100% tomada. No momento, em torno de 30% do espaço físico da estrutura é usado e pouco mais de 50% do potencial de energia.

O diretor de Data Center diz que o data center já foi ampliado três vezes em termos de capacidade de energia e, paralelamente, recebeu outros investimentos. Nesse sentido, Trede destaca que, dentro de duas semanas, será instalado uma terceira máquina de refrigeração para data centers na sala de servidores (data hall) – no local também há duas salas de telecomunicações e um Centro de Gerência Tecnológica (conhecido como NOC).

Sala dos servidores
Sala dos servidores | Foto: Diário do Comércio/ Thyago Henrique

Estrutura visa atender redundância geográfica e abrigar aplicações de IA

O data center da Century em Contagem é voltado para atender demandas locais de computação de borda (edge computing), destinadas a aplicações que exigem respostas em tempo real. Atualmente, são 270 provedores de serviços ou conteúdo trocando tráfego diretamente na estrutura, beneficiando milhões de pessoas, conforme os executivos.

De acordo com eles, o novo data center na RMBH tem como objetivo aprimorar o serviço prestado às empresas que já utilizam a estrutura atual. A proposta é suprir a demanda por redundância geográfica, ou seja, replicar os serviços dos contratantes em uma nova instalação, garantindo maior disponibilidade e redução de riscos.

A operação atual também é capaz de atender, pontualmente, demandas de clientes com aplicações de inteligência artificial (IA). Contudo, com o crescimento exponencial desse mercado, a tendência é que os pedidos da empresa aumentem, o que traz a necessidade de construir uma nova estrutura. As lideranças destacam que o segundo data center hospedará a IA privada de empresas, mantendo as informações ainda mais seguras.

Local de instalação será definido no prazo mais breve possível

A Century ainda não decidiu o local de instalação do novo data center, embora esteja definido que será na região metropolitana. O CEO da empresa ressalta que está avaliando um banco de terrenos. Segundo Barbosa, “a decisão acontecerá o mais breve possível”.

A avaliação das áreas, de acordo com o diretor de Data Center, passa por fatores estratégicos. Trede cita, por exemplo, “infraestrutura de acesso, capacidade energética e potencial hídrico local”, para refrigeração líquida da estrutura. Ele também ressalta que não pode ser próximo de rota de avião nem ter uma longa distância, na casa das centenas de quilômetros, do data center em Contagem, “devido a demanda de redundância geográfica”.

Executivos da Century posam para foto. Da esquerda para direita aparecem o CEO Fernando Barbosa, o vice-presidente Alonso Gomes, o diretor de Comunicação Emerson Ribeiro e o diretor de Data Center Sérgio Trede
Da esq. pra dir. CEO Fernando Barbosa, vice-presidente Alonso Gomes, diretor de Comunicação Emerson Ribeiro e o diretor de Data Center Sérgio Trede | Crédito: Diário do Comércio/Thyago Henrique

Pioneirismo da empresa e potencialidades de Minas Gerais para receber data centers

Uma das primeiras empresas a instalarem um data center para computação de borda em Minas Gerais, a Century quer seguir como pioneira, aproveitando sua expertise para implementar a estrutura na RMBH dedicada à inteligência artificial. Os executivos afirmam que a estrutura atual trouxe impactos positivos ao Estado e a nova também vai trazer.

Uma das contribuições do primeiro data center, conforme o diretor de Data Center Sérgio Trede, foi trazer uma troca de tráfego de dados a Minas, que antes praticamente só ocorria em São Paulo. O vice-presidente Alonso Gomes diz que antes da estrutura, o tráfego no Estado era de 20 gigabytes (GB), volume que, na segunda-feira (16), chegou a 250 GB.

“Isso pode ser traduzido como internet de melhor qualidade. É acessar a sites diversos de modo mais rápido e também viabilizar ações que demandam baixíssima latência (transferência de dados), como acesso a vídeos e jogos on-line”, afirma Trede, citando as vantagens para pessoa física. Para pessoa jurídica, ele ressalta que as pequenas e médias empresas, por exemplo, passaram a ter acesso a um data center no próprio Estado.

No caso do novo data center que será construído na Região Metropolitana de Belo Horizonte,o diretor de Data Center enfatiza que pesquisas indicam que 68% das empresas brasileiras já utilizam IA, porém, 60% da carga gerada é processada fora do País. Logo, a estrutura trará a possibilidade de atender a demanda dessas empresas em Minas Gerais.

O CEO Fernando Barbosa pontua que São Paulo não conseguirá atender à demanda sozinho, porque as estruturas consomem muita energia. Ele também sublinha que os data centers dos Estados Unidos estão em processo de saturação e, em outros países do mundo, há problemas, como os relacionados a guerras, o que pode trazer mais demanda para Minas.

As lideranças da Century destacam que o Estado dispõe de totais condições de atrair projetos de data centers por ter um “forte potencial de geração de energia, boa localização geográfica, tamanhos continentais e ser a unidade da Federação com rede de internet autônoma”. Para eles, todas as regiões do Estado têm potenciais para receber as instalações, porém, também podem ter empecilhos, como escassez de espaços e falta de conectividade.

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