Demanda por cães de guarda cresce em BH
Utilizar os serviços de um cão de guarda para fazer a vigilância de obras, grandes áreas ou até mesmo condomínios, pode ser mais econômico para as empresas, já que a locação mensal de um animal para este fim custa no mínimo 20% a menos que a contratação de um vigilante humano. Considerando que, na maioria dos casos, o animal dorme no local a ser guardado e, portanto, está alerta durante todo o período, a economia é total. No entanto, é importante escolher bem a empresa que oferece estes serviços para a contratação, uma vez que, se os animais sofrerem algum maltrato e não forem geridos da forma correta e digna, o prejuízo vai pesar no bolso do contratante e pode gerar até a suspensão da obra, segundo a Lei 9.605/98, que impõe as sanções de crimes que infringem o meio ambiente. Algumas empresas de locação de cães têm sentido uma alta na demanda atualmente, possivelmente, pela visibilidade maior que este tipo de serviço vem registrando. Outras, no entanto, amargam uma queda no faturamento devido à crise. A GuardaDog Minas, por exemplo, tem tido lucro nos negócios. Embora o mercado se mostre sazonal e a maior procura pelos cães se dê no início e final do ano, a empresa viu o seu faturamento aumentar em 17% entre 2017 e 2018. Atualmente, ela fatura cerca de R$ 80 mil por mês. “A demanda aumentou nos últimos anos, acho que porque o público passou a conhecer este serviço mais recentemente e também porque percebeu que a economia é bastante vantajosa”, comenta o dono do negócio e adestrador Wellington Crispim. O custo total do aluguel de um cão de guarda vai de R$ 1.000 a R$ 2.000, e inclui o trato do animal. “Junto com o cão, vão também os insumos que ele precisa, como ração, material de higiene entre outros. Quando o animal é utilizado como um complemento do trabalho do vigia, em substituição a arma de fogo, o vigilante é responsável pelo trato do animal. No caso do animal guardar sozinho o local, eu costumo disponibilizar dois cães para isso e um membro da minha equipe vai duas vezes por dia ao local para tratá-los. Além disso, no caso de uma obra, por exemplo, nós construímos o canil para o animal no local, caso a empresa não tenha”, detalha. Atualmente com 40 clientes, Crispim conta que, no começo da empresa, a grande maioria dos clientes era da construção civil, mas que agora, o público está equilibrado. “Há muita demanda da construção civil e de empresas que têm grandes áreas a serem guardadas. Também tem havido muita procura por parte de empresas de vigilância que utilizam o cão no lugar da arma de fogo. É o caso de uma empresa que faz a vigilância de um condomínio, por exemplo, em que o animal entra para auxiliar o vigia. Ao invés de o profissional utilizar a arma de fogo, que encareceria mais a sua remuneração, ele utiliza o cão, que diferente de um revólver, dá mais controle e não gera letalidade”, explica Crispim. Neste caso, o vigia passa por uma preparação junto ao animal antes do início dos trabalhos para a adaptação mútua e para que o cão obedeça aos seus comandos. A GuardaDog conta com 90 animais em seu canil e oito funcionários humanos. Segundo Crispim, 30% dos gastos da empresa são para a ração super premium. “Prezar pela saúde do animal é também priorizar a qualidade dos serviços”, justifica. Fidelidade – Para o Canil Amaral, há três anos no mercado, a demanda também se mostra crescente. “Acredito que pelo aumento no número de roubos atualmente e pela facilidade de se alugar um cão e não precisar contratar um vigia, não ter o vínculo empregatício, menos custo e menos responsabilidade”, explica o dono da empresa, Alex Junior Amaral, que também conta que houve um crescimento de cerca de 60% entre o ano passado e este ano na procura pelos serviços. Os principais clientes são construtoras, empresas de guindastes, concessionárias e casas vazias que estão para alugar. Mas é graças a clientes fiéis que o negócio se mantém, como uma grande rede de farmácias de Minas Gerais que aciona os serviços da empresa sempre que inicia alguma obra. REFORMULAÇÃO PARA SOBREVIVER À RECESSÃO Embora as empresas de locação de cães de guarda não sejam muitas em Belo Horizonte e região (cerca de oito), nem todas experimentam o crescimento da demanda. Pelo contrário, a empresa AlphaDog, por exemplo, presente no ramo há cerca de 10 anos, precisou passar por uma reformulação e enxugar as contas para sobreviver. Antes com 60 cães disponíveis para locação, muitos precisaram ser doados e, atualmente, a empresa conta com 40 funcionários caninos. Já em seu quadro humano, de oito funcionários, a empresa passou para apenas dois, por conta da crise. “O mercado já foi melhor. Como eu trabalho para empresas, meu contrato é somente com pessoas jurídicas, a crise que elas enfrentam acabou refletindo nos meus negócios. Muitas empresas fecharam as portas e outras diminuíram os custos. Infelizmente, muitas delas preferiram cortar os gastos na parte da segurança”, explica o dono da empresa, Cássio Di Pietro. Segundo ele, a empresa já atingiu o limite de enxugamento e agora o jeito é esperar o reaquecimento do mercado. “Talvez depois das eleições. O que percebo em conversas com os empresários é que todos eles estão receosos de fazer investimentos agora. Eu não posso diminuir os preços dos meus serviços porque os gastos que eu tenho não vão suportar. Só nos últimos anos, o preço da ração subiu exponencialmente, assim como a gasolina, a água, a energia. Também não posso dar uma ração de qualidade inferior para os animais porque eles têm que ser muito bem tratados para trabalhar bem”, explica. Preço do aluguel varia entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mêsDesde 2015, quando os efeitos da crise econômica começaram a ser sentidos na empresa, o faturamento teve uma queda de 50%. “Hoje, eu sobrevivo. Como clientes eu tinha muitos condomínios de alto luxo de BH, que deixaram de ser clientes porque precisaram reduzir os custos. E infelizmente, eles preferem cortar os custos onde a boa vida não será afetada diretamente, como na segurança”, conclui. Legislação – Para não ter mais prejuízo do que economia ao escolher um animal para fazer a vigilância de um empreendimento, obra ou condomínio, é necessário escolher as empresas mais confiáveis e verificar a origem dos animais, como são tratados e o seu bem-estar. A Lei 9.605/98 deixa claro que praticar atos de abuso, maus tratos ou ferir e mutilar animais são crimes passíveis de punição como multa, suspensão de atividades e até mesmo prisão. Configuram maus tratos atos como abandonar, manter presos em correntes, manter em locais pequenos e anti-higiênicos, sem abrigo do sol, da chuva e do frio, ou sem ventilação, não dar água e comida diariamente e negar assistência veterinária quando o animal está doente ou ferido e obrigar ao trabalho excessivo. As denúncias podem ser feitas na Polícia Militar (190), pelo Disque-Denúncia (180) ou mesmo diretamente na Delegacia Especializada de Investigação de Crismes contra a Fauna, em Belo Horizonte.
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