Economia

Afetado por altos juros, comércio de materiais de construção recua em 2025

Até agosto, o setor estima um recuo entre 5% e 7%, impactado pelo atual contexto político e econômico no País
Afetado por altos juros, comércio de materiais de construção recua em 2025
Outro fator para quedas nas vendas do setor de materiais de construção está na maior cautela dos consumidores diante do cenário econômico | Foto: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

O comércio de materiais de construção segue performando negativamente ao longo de 2025 em Minas Gerais. Até agosto, o setor estima um recuo entre 5% e 7%, impactado pelo atual contexto político e econômico no País, com destaque para a elevada taxa de juros, que inibe investimentos.

Na primeira quinzena deste mês, diretor do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco), Wagner Matos, afirma que a queda nas vendas afetou 70% do setor. Enquanto isso, 20% afirmaram que não sentiram impacto e apenas 10% disseram performar melhor.

O resultado foi obtido a partir de um levantamento realizado com cerca de 1000 empreendedores de diversas regiões do País, incluindo Minas Gerais. “As regiões Sul e Sudeste foram as mais afetadas. Notamos que boa parte está sentindo queda nos preços em negociações com fornecedores, o que requer maior atenção no controle de estoque e fluxo de caixa”, pontua o dirigente.

Entre os fatores apontados que explicariam o desempenho negativo estão a desaceleração do setor da construção civil, o encarecimento do crédito e uma maior cautela dos consumidores diante das incertezas econômicas. Com a taxa Selic mantida em 15% ao ano, parte da população tem adotado uma postura mais cautelosa, priorizando compras essenciais e adiando reformas e investimentos em materiais de construção. “Ao longo do ano, observamos uma redução nos investimentos em reformas e pequenas obras, especialmente no varejo de bairro”, acrescenta.

Outro fator que segue gerando preocupação no setor são as incertezas decorrentes do tarifaço aplicado pelos Estados Unidos às empresas exportadoras, com ênfase no Brasil. Embora não afete diretamente o desempenho de varejistas que comercializam localmente, as consequências e eventuais escaladas tornam o futuro incerto para realização de novos investimentos.

“É uma instabilidade sem precedentes e não temos noção de onde iremos parar. Vivenciamos um descompasso de espera, ainda sem um norte definido”, avalia Matos.

Indústria de materiais de construção permanece otimista e projeta crescimento

Por outro lado, o faturamento da indústria de materiais de construção apresentou recuperação em julho, com alta de 1,9% frente ao mês anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Com resultados positivos no último mês, o setor mantém a projeção de alta de 2,8% em 2025 no País.

Entretanto, com relação a julho do ano passado, houve queda de 2,7% no mercado. Já no acumulado do ano, a indústria apresenta crescimento de 1,1%, com os materiais básicos avançando 0,8%, e os materiais de acabamento expandindo 1,5%.

O presidente da Abramat, Paulo Engler, comenta que, embora passe por determinada volatilidade no comparativo anual, o setor segue com fôlego, com sinais positivos de recuperação no curto prazo. “Nossa projeção de crescimento para o ano permanece sólida e realista. A Abramat continuará trabalhando para fortalecer o diálogo com todos os elos da cadeia produtiva, promovendo maior competitividade e sustentabilidade para a indústria nacional de materiais de construção”, reforça.

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