DI de Raposos enfrenta dificuldades para sair do papel

Para se desenvolver economicamente, Raposos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), precisa que empresas apostem e invistam no município. Essa questão, contudo, parece não ser um problema, já que várias companhias se mostram interessadas em se instalar na cidade. O maior gargalo aparenta ser a disponibilidade de uma área apropriada e a solução para tal seria a construção de um distrito industrial. Porém, o DI enfrenta dificuldades para sair do papel.
Fundada há 334 anos, Raposos foi centro de exploração mineral. Com terra fértil e lotada de ouro, a Saint John Del Rey Mining Company, hoje, AngloGold Ashanti, uma das maiores mineradoras do mundo, manteve operações na região por um longo período, empregando e gerando riqueza. Com a escassez dos recursos minerais no início da década de 2000, a empresa encerrou os trabalhos no município e os moradores tiveram que buscar emprego em outros locais.
Atualmente, grande parte da população trabalha e consome serviços nas regiões vizinhas, como a Capital e Nova Lima. Devido a essa situação, o município foi rotulado como uma “cidade-dormitório”. Agora, a economia local necessita de investimentos para se reerguer e trazer benefícios para os moradores. O vereador Luizinho do Ideal (Republicanos) diz que está lutando para isso e que três empresas já assinaram ofícios se comprometendo a investir em Raposos.
Uma das companhias é a Dynamic Fluid Control (DFC), fabricante de válvulas para mineração, água e efluentes, com previsão de faturar, no Brasil, R$ 75 milhões neste ano. De acordo com o parlamentar, a empresa traria mais cinco para o município e se comprometeu até em construir um hospital na cidade. Já as outras são a Solucarbe e a Henrimax, de usinagem, que se propuseram também a criar um centro de treinamento para formação de jovens na área industrial.
Impasses para a implantação do DI de Raposos
Dispostas a ir para Raposos, resultando em geração de emprego, renda e aumento da arrecadação municipal, essas empresas precisam de áreas na cidade. Conforme Luizinho, a AngloGold Ashanti é proprietária de vários terrenos que se encontram vazios no município e poderia cedê-los para serem aproveitados. Segundo ele, em novembro último, a mineradora se dispôs a ceder um deles, com 100 mil metros quadrados, para que o DI seja construído, entretanto, ainda não o fez.
O vereador afirma que, na ocasião da reunião entre o parlamentar, empresários, representantes da Prefeitura de Raposos e a AngloGold Ashanti, a mineradora pediu 15 dias para realizar um mapeamento do terreno. Passados três meses, ele ressalta que não há nenhuma definição da empresa, “que parece não querer dar andamento no projeto”. O parlamentar também critica o Executivo, dizendo que o mesmo “não abraça a causa” e não tenta solucionar o problema.
“Aqui é a cidade-dormitório. Até quando vamos viver disso? Temos oportunidade para aumentar a arrecadação e gerar empregos. O faturamento de apenas uma das empresas é de quase cem milhões. Não queremos que Raposos cresça em população, queremos que cresça em qualidade de vida”, disse. “Supondo que dez empresas consigam se instalar (no DI), teríamos, em média, mil funcionários, mil pessoas que não precisariam se deslocar para fora”, reiterou.

AngloGold diz ter apresentado mapa de áreas à prefeitura
Procurada, a AngloGold Ashanti afirmou ter ciência das demandas de Raposos e informou que já apresentou um mapa de áreas à prefeitura. A mineradora disse que está mantendo diálogo constante com o poder público local sobre o tema para definição dos próximos passos. Também reiterou que está comprometida em fornecer informações transparentes e colaborar de forma aberta e construtiva para esclarecer qualquer dúvida sobre o assunto.
Além disso, ressaltou que tem contribuído historicamente para o atendimento das demandas da coletividade nas áreas de habitação e infraestrutura urbana, por meio da cessão de terrenos de sua propriedade para usos de interesse social, como moradias populares, creches e postos de saúde. “Somente nos últimos cinco anos (2018 a 2023), a empresa fez a cessão de 1,2 milhão m² no município de Raposos, o que representa 118 hectares ou 118 campos de futebol”, afirmou.
Já o Executivo enviou a seguinte nota à reportagem: “O setor de Comunicação da Prefeitura de Raposos informa que fica impossibilitado de responder tão precisamente os questionamentos acima devido às ausências no município do secretário de Administração e do prefeito Sérgio Soares, responsáveis pela demanda. Por isso, precisaria de coletar mais informações com ambos, para que assim possa responder os questionamentos. Logo, quando os mesmos retornarem ao município, assim será feito e encaminhada para esta redação”.
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