Economia

Inadimplência pressiona desempenho das locadoras de veículos em Minas Gerais

Apesar dos desafios, setor estima faturamento bruto de R$ 35 bilhões no Estado neste ano, cerca de 10% a mais que em 2024
Inadimplência pressiona desempenho das locadoras de veículos em Minas Gerais
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Em um ano marcado por desafios econômicos, a elevada inadimplência das empresas e dos consumidores deve impactar o resultado de locadoras de veículos no País, incluindo Minas Gerais. Protagonistas no setor, as empresas no Estado devem encerrar o ano com faturamento bruto estimado em R$ 35 bilhões, o equivalente a 60% do montante nacional.

Embora expressivo, o avanço esperado de 10% neste ano frente a 2024 é decorrente da equalização de preços nos contratos, bem como da expansão no número de clientes. As frotas, que somam 1 milhão de carros emplacados – sendo 600 mil território mineiro – não devem ser ampliadas.

Os dados foram estimados pelo Sindicato das Empresas Locadoras de Automóveis do Estado de Minas Gerais (Sindloc-MG), a partir do relatório anual divulgado pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

De acordo com o diretor-executivo no Sindloc-MG, Leonardo Soares, ao contrário dos anos anteriores, 2025 será um período de baixo crescimento para as locadoras de veículos. A elevada taxa de juros, hoje em 15% ao ano, levou a uma disparada na inadimplência de clientes, como empresas do setor agrícola e clientes de carro por assinatura.

Como negócio de capital intensivo, Soares pontua que as empresas do setor se caracterizam como importantes tomadoras de crédito no País, o que consequentemente amplia o endividamento das marcas. Com os créditos em patamares restritivos, a concessão que garantiria eventuais expansões também é limitada, resultando num efeito cascata no segmento.

“O mercado tem crescido, mas as locadoras não conseguem capital para atender esse crescimento. Esses fatores têm levado as empresas a não ampliarem tanto as frotas e equilibrarem preços para a renovação”, diz.

Outro fator que segue pressionando o setor de locação é o avanço no preço de veículos, especialmente nos últimos quatro anos. Diante desse cenário, as locadoras precisaram repassar gradualmente os custos adicionais aos contratos, seja por meio de reajustes de tarifas, encurtamento dos prazos promocionais ou redução de benefícios, para manter o equilíbrio financeiro das operações.

Contexto pode ser favorável para ampliação de clientes

Por outro lado, o atual cenário econômico restritivo também pode ser encarado como uma oportunidade para ampliar os negócios. Para Soares, assim como as locadoras enfrentam dificuldade para compra de frota, as empresas tendem a priorizar veículos locados em detrimento aos próprios, reduzindo custos e ampliando a demanda do setor.

O dirigente complementa que a cultura de locação não para de crescer e, a cada ano, aumenta o número de usuários que recorrem ao aluguel de veículos pela praticidade, pelo custo-benefício e pela flexibilidade que o modelo oferece.

Protagonismo de Minas no setor beneficia arrecadação

Nesse cenário, Minas Gerais deve seguir em destaque, muito em razão de grandes players nacionais atuarem no território e possuírem infraestrutura de abrangência nacional. Além de beneficiar as empresas do segmento, esse protagonismo tende a elevar a arrecadação do Estado, já que impostos, como IPVA e ICMS da frota emplacada geram receita para consistente para dezenas de municípios. “Minas possui um ambiente de negócios favorável para locadoras. Empresas emplacam carros por aqui e rodam o País inteiro”, conclui.

No Brasil, o setor registrou faturamento bruto de R$ 52,9 bilhões em 2024, um crescimento de 17,8% frente a 2023. Ao todo, 31.487 empresas estão registradas para locação de veículos leves, motos e veículos pesados no Brasil, gerando 105 mil empregos – 7,5% a mais que no ano anterior.

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