Dólar avança e volta a superar patamar de R$ 3,90
São Paulo – O dólar saltou quase 1% ontem e passou o patamar de R$ 3,90, acompanhando a cena externa com movimentos de maior aversão ao risco e sem atuações extraordinárias do Banco Central (BC) brasileiro. O dólar avançou 0,87%, a R$ 3,9111 na venda, maior nível de fechamento desde 7 de junho (R$ 3,9258). Em junho, a moeda norte-americana fechou com valorização de 3,76%, quinto mês seguido em elevação, período em que acumulou ganhos de quase 22%. “A disputa comercial entre os Estados Unidos (EUA) e a China segue no foco dos mercados, apoiando o dólar forte”, trouxe a corretora Rico Investimentos em relatório, citando ainda o baixo volume financeiro devido ao jogo do Brasil contra o México, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, disputado ontem. No exterior, o dólar subia cerca de 0,35% frente a uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como o peso chileno, com os investidores ampliando as apostas de intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais, em especial a China. A tensão vai crescendo antes de 6 de julho, quando os EUA devem impor tarifas sobre US$ 34 bilhões em exportações chinesas. E mesmo com a forte valorização do dólar frente ao real, o BC não anunciou intervenções adicionais no mercado de câmbio na sessão de ontem. Apenas ofertou e vendeu integralmente o lote de até 14 mil swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Com isso, rolou o equivalente a US$ 700 milhões do total de US$ 14,023 bilhões que vence no próximo mês. “Quando o dólar bateu em R$ 3,95 (no intradia), o BC entrou e derrubou. Estamos muito próximos disso. Se fizer de novo, o mercado passa a entender que está defendendo esse teto para a moeda norte-americana”, afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello. Na noite de sexta-feira (29), o BC informou que continuaria atuando de forma coordenada com o Tesouro no mercado para “prover liquidez e contribuir para o seu bom funcionamento” e que vai rolar integralmente swaps que vencem em agosto. Ibovespa – A bolsa paulista começou o segundo semestre com o Ibovespa em leve alta, ajudado pela melhora de Wall Street e a disparada das ações da BRF, que contrabalançaram a pressão negativa da queda dos papéis da Vale, na esteira do recuo do preço do minério de ferro na China. No fechamento, o principal índice de ações da B3 acusou acréscimo de 0,11%, a 72.839 pontos. No pior momento do dia, recuou 1,14%, caindo abaixo de 72 mil pontos. O volume financeiro do pregão alcançou R$ 6,67 bilhões. Profissionais da área de renda variável atribuíram o volume mais baixo, contra média diária do ano de R$ 11,9 bilhões, ao jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo. “Em muitos lugares, houve esquema de rodízio”, afirmou uma das fontes. A recuperação nos pregões em Wall Street endossou o alívio doméstico, com o S&P 500 fechando em alta de 0,3%, após sessão volátil, com a questão do comércio global ainda no foco das atenções. Estrategistas e analistas de ações enxergam um possível melhora das ações brasileiras neste mês após perdas recentes. Da máxima de fechamento do ano, de 87.652 pontos, em 26 de fevereiro, ao encerramento do pregão da última sexta-feira (29), o Ibovespa acumulou uma queda de quase 17%. “O fluxo vendedor acentuado em maio e junho gerou divergência em algumas empresas e isso deve voltar a atrair investimentos em renda variável com alguma seletividade para ações com perfil considerado sólido”, destacou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos.
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