Donos de pequenos negócios estão menos confiantes em Minas

Os donos de pequenos negócios de Minas Gerais apresentaram no mês de dezembro o menor índice de confiança do ano, com apenas 108 pontos, é o que revela a pesquisa Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon). O destaque negativo ficou para o setor de comércio, que ficou abaixo da média geral do Estado com 104 pontos. A pesquisa também aponta para uma queda significativa do índice nos últimos três meses de 2022.
O levantamento ouviu 1.078 participantes entre os dias 6 e 21 de dezembro do ano passado e alcançou seu patamar mais baixo de 2022. Com 108 pontos, o índice de confiança dos pequenos negócios mineiros alcançou um valor próximo ao de tendência à estabilidade (próxima de 100 pontos) com expectativa de leve melhoria. O indicador perdeu dois pontos, na comparação com novembro; já em relação a outubro, a diferença sobe para 16 pontos.
Dentre os setores, o comércio foi o que apresentou o menor índice – com 104 pontos, abaixo da média estadual –, enquanto serviços e indústria ficaram empatados com 110 pontos. Já a construção civil foi o setor mais confiante, de acordo com o levantamento, com 111 pontos.
A indústria também foi o único segmento a registrar um aumento no nível de confiança, na comparação com o mês anterior, de dois pontos. Por outro lado, os setores de construção civil (-9 pontos) e do comércio (-5 pontos) tiveram quedas na variação mensal. O setor de serviços apresentou estabilidade no comparativo.
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Para a analista do Sebrae Minas, Bárbara Alves, alguns dos motivos que podem explicar essa queda no índice são as projeções de baixo crescimento da economia brasileira, o aumento do grau de incerteza e a desaceleração econômica a nível mundial. “No front doméstico, a inflação fechou o ano de 2022 acima da meta definida pelo governo, mantendo os preços ainda pressionados. Os juros básicos também tendem a permanecer em um patamar mais elevado, podendo impactar o consumo das famílias e os investimentos”, explica Alves.
Assim como em novembro de 2022, os microempreendedores individuais (MEIs) foram novamente os mais otimistas entre os portes. Os MEIs fecharam o mês com um Iscon de 109 pontos. Enquanto as microempresas (ME) ficaram com 107 pontos, dois a menos que no mês anterior. Já as empresas de pequeno porte (EPP) conseguiram superar, em dois pontos, seu índice de novembro e alcançaram 102 pontos no mês de dezembro.
Cenário nacional
O índice de confiança das micro e pequenas empresas (IC-MPE) recuou pelo quarto mês consecutivo em dezembro de 2022, com uma queda de 0,5%, é o que revela a Sondagem Econômica do Sebrae.
Entre os donos de pequenos negócios do setor da indústria a confiança cresceu 2,8 pontos percentuais, influenciada pela recuperação de parte das expectativas, em especial da produção, de acordo com o boletim mensal calculado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Os segmentos que contribuíram para essa aceleração foram os alimentos, refino e produtos químicos, metalurgia e produtos de metal.
Já os pequenos negócios do comércio e de serviços apresentaram queda de 1,1 e 0,3 pontos, respectivamente. Esse recuo foi observado tanto no quesito referente à situação atual dos negócios quanto às expectativas de negócios no curto prazo. Os principais responsáveis por puxar esses dados para baixo foram os segmentos de materiais de construção e bens de consumo.
Enquanto no setor de serviços esse índice apresentou certa estabilidade motivada pelos sinais contrários aos indicadores de demanda atual (em queda) e de demanda futura – que apresentam uma expectativa de melhora nos negócios, na demanda, no faturamento e no emprego do setor, para os próximos meses.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, afirma que os últimos meses do ano passado foram marcados por uma redução do índice de confiança das empresas brasileiras de todos os portes. Para ele, essa queda está associada ao período eleitoral, e agora, às incertezas sobre o início de um novo governo. Quanto ao cenário internacional, ele acredita que a desaceleração econômica ainda persistirá por um tempo, devido ao aumento esperado nas taxas de juros no exterior, o que torna o cenário desafiador.
“No campo da economia, embora o setor de Serviços tenha avançado no 2º e 3º trimestre do ano, o endividamento das famílias, a inflação e as altas taxas de juros contribuíram para uma maior cautela dos consumidores, que reduziram sua demanda por bens e serviços no 4º trimestre – aumentando os estoques nas empresas. Apesar das possíveis incertezas sobre a condução da política econômica, estamos otimistas quanto às sinalizações de fomento ao empreendedorismo e crédito para o segmento”, destaca Melles.
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