Economia

Empresas discutem ações contra o empobrecimento pós-crise sanitária

Empresas discutem ações contra o empobrecimento pós-crise sanitária
Crédito: Divulgação

Atuar para diminuir a desigualdade social pós-crise sanitária é um desafio não somente do poder público, mas uma preocupação que instiga o setor privado. Esse debate foi tema do seminário realizado pela Rede Brasil Pacto Global Minas Gerais, na sexta-feira (25), e que reuniu empresas de vários setores para discutirem os rumos desse processo.

Para a representante da Rede Brasil Pacto Global Minas Gerais, Helen Pedroso, a iniciativa tem como objetivo dividir práticas, que vêm dando certo, e estimular outros empresários e setores a debaterem sobre o tema.

“O momento é debater sobre práticas de sustentabilidade e destacar a responsabilidade do mundo dos negócios para a promoção do desenvolvimento econômico e redução das desigualdades sociais. O setor empresarial, cada vez mais, entende que é fundamental atuar em alinhamento com os ODS e que a sustentabilidade deve fazer parte das estratégias de negócios”, explica.

A diretora estatutária e líder do centro social Cardeal Dom Serafim, da Fundação Dom Cabral, Nádia Rampi, avalia que a capacitação de jovens com cursos profissionalizantes e apoio em comunidades pode ser uma das ações de sucesso.

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Rampi conta que logo no início da pandemia a Fundação Dom Cabral preocupou-se com a situação dos assistidos na instituição.

“Nós passamos pela primeira e segunda onda tentando minimizar os efeitos da pandemia e solidarizando com os jovens e suas famílias com o bem-estar social. O que fizemos foi não abandonar o ciclo de aprendizagem mesmo durante a pandemia”, conta.

Nádia Rampi reforça que para diminuir as desigualdades sociais, é importante que as empresas tenham engajamento em questões como sustentabilidade, educação, adoção das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), e, principalmente, dar condições de trabalho e renda.

“Este é o papel da Fundação Dom Cabral neste momento: tirar esses jovens da vulnerabilidade social e dar a oportunidade de educação e empreendedorismo. Isso faz com que estimule a família e também os líderes comunitários ao redor. Chamamos também os investidores que queiram participar conosco deste desafio”, relata Nádia.

O presidente da Minas Gerais Serviços e Administração S.A (MGS), Marcelo Isoni, exemplifica que mesmo com a pandemia, a empresa que fornece funcionários terceirizados para o setor público, conseguiu permanecer com todos os empregados.

“Recebemos muitos funcionários de volta para a empresa. Remanejamos todos para setores públicos da linha de frente da pandemia. Os funcionários foram capacitados e remanejados, mas nenhum foi demitido. É papel da empresa pensar também nesse funcionário, na família, no que será deles nesse momento de pandemia, caso fiquem desligados”, relata.

Ao todo, a empresa tem mais de seis mil funcionários em todo o Estado.

Ainda de acordo com Marcelo Isoni, empresas discutirem a respeito das demandas dos ODS e tratar das desigualdades são um avanço positivo para todos.

“É um conjunto positivo para todos investir na capacitação dos funcionários, em tecnologia, cultura e emprego. É desenvolver a recolocação profissional desse funcionário, principalmente, porque em nossa empresa, em grande maioria, somos o primeiro emprego de grande parte dos trabalhadores”, explica.

Segundo o presidente da MGS, vale a pena investir em ações de sustentabilidade e social nas empresas. “Porque gera um enorme potencial geral no mercado, é super importante socialmente e é um ciclo virtuoso que mantém uma situação positiva na empresa”, avalia.

O gerente geral de investimento social e reputação e diretor superintendente da Fundação da ArcelorMittal, Herik Marques, explica que a empresa teve atuação social durante o período de maior crise da pandemia.  

A empresa pausou momentaneamente as principais ações sociais e deu lugar aos setores estratégicos de saúde, como capacitação e assistência à proteção aos funcionários, colaboradores e familiares.

“Paralisamos momentaneamente as ações de programa de educação, saúde, cultura e voltamos para ações emergenciais como as instruções para a Covid-19, máscaras, álcool em gel e ações de proteção durante o trabalho e em casa”, explicou.

Para Herik Marques, as ações de combate à fome, assim como as outras da empresa, são importantes e não podem ser abandonadas. Após esse primeiro controle da crise pandêmica, os projetos da empresa voltaram à normalidade, com, principalmente, o da educação. O ensino remoto de emergência foi adotado pela ArcelorMittal.

“É um olhar para a necessidade da sociedade sem esquecer-se do futuro. É mapear a situação do local onde estamos inseridos. Instituições que fazem essas ações e verificam a necessidade de cada uma delas, atuam para somar”, avalia.  Somente no ano passado, a empresa já investiu cerca de R$ 2 milhões nos programas de desenvolvimento social em implementação na empresa. “São pautas que fazem parte dos temas estratégicos de negócios de hoje. As empresas precisam ter um olhar voltado para essas discussões, senão estão fora do mercado”, reforça.

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