Empresas do Vale da Eletrônica anseiam por demanda da indústria 4.0

A indústria do Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, está na expectativa de que o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil gere uma demanda por Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e robótica nas empresas, segmentos dos quais o polo produtivo é fornecedor.
Com entregas já programadas com distribuidores de todo o País, a demanda das empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL) de Eletroeletrônica de Santa Rita do Sapucaí foi positiva no primeiro semestre de 2024. A estimativa do APL é fechar o ano com crescimento de 7% a 10%.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, conta que o APL Eletroeletrônico tem bastante expertise em produtos para IA, IoT e robótica. “Esses três itens vão juntos. É um processo que vai implantar nas indústrias para a indústria 4.0”, disse.
O setor anseia que o desenvolvimento de fábricas inteligentes gere uma demanda significativa para o APL nos próximos meses. “As indústrias do Brasil, independentemente de setores, todos os tipos, dependem dessas três inovações tecnológicas e nós somos fornecedores disto. Se essas empresas demandarem com sucesso, nós vamos crescer com sucesso”, completa o presidente do Sindvel.
O principal desafio do Vale da Eletrônica atualmente, aponta o presidente do Sindvel, é manter o investimento constante em inovação tecnológica, em um setor de alto custo de matéria-prima e mão de obra, para ter competitividade com um mercado globalizado. “Na Coreia, Estados Unidos, Taiwan, Japão, China, estão inovando por minuto. Temos que manter esse padrão de inovação junto, senão os produtos ficam descontinuados”, afirma Souza Pinto.
Entre 38% a 42% da matéria-prima necessária para a fabricação de eletrônicos é composta por produtos importados, como componentes eletrônicos e semicondutores. Até por conta disso, as empresas do APL Eletroeletrônico são impactadas pela variação cambial.
A recente desvalorização do real frente ao dólar afetou o capital de giro das empresas do Vale da Eletrônica, pontua Roberto de Souza Pinto. Com a necessidade de dispor maior quantidade da moeda brasileira para aquisição da mesma quantidade de matéria-prima importada, a indústria local busca empréstimos bancários e tem juros elevados.
Porém, o dólar alto tem uma vantagem ao APL de Santa Rita de Sapucaí: a região é considerada um grande substituidor de importação no mercado nacional. “Com a alta do dólar, o produto acabado do exterior fica mais caro no Brasil. Então, melhora a competitividade do nosso produto”, explica Souza Pinto. “É uma faca de dois gumes, afia de um lado e fica cega do outro. Tem que ter um lado bom pra cortar”, finaliza.
Nesta semana, entre esta quinta-feira (1º) e domingo (4), a cidade polo do APL de Eletroeletrônica, Santa Rita do Sapucaí, sedia o HackTown, festival de inovação, negócios, tecnologia e criatividade que reunirá mais de 300 startups e terá mais de 100 painéis, mais de 800 palestras, entre diversas outras ações com milhares de executivos, profissionais e empreendedores dos setores da tecnologia.
Ouça a rádio de Minas