Energia elétrica é decisiva na alta da inflação em BH
O custo de vida em Belo Horizonte, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou variação positiva de 1,71% em junho de 2018, na comparação com o mês anterior. Os dados divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) mostram ainda que, no acumulado dos últimos 12 meses, o índice registrou alta de 5,35% e a variação entre janeiro e abril deste ano foi de 3,14%. Para o mês de junho, essa é a maior inflação desde a implantação do Plano Real, em 1994. A energia elétrica foi a principal contribuição para a variação positiva apresentada no mês, com aumento de 28,61% em junho na comparação com maio. O aumento está relacionado ao ciclo de revisão tarifária anunciado para este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além do aumento de 18,53% na tarifa para a classe residencial, que começou a valer em 28 de maio, a mudança para bandeira vermelha no mês de junho também contribuiu para impactar o índice. A gasolina comum, com 5,75% de aumento, o seguro voluntário de veículos (9,19%), o leite pasteurizado (10,07%) e o serviço de cabeleireiro (6,05%) também foram responsáveis pela alta do IPCA em junho. Entre os itens agregados que compõem o índice, os maiores destaques apontados pelo levantamento foram as altas de 16,09% para alimentos in natura, de 6,28% para alimentos de elaboração primária e de 4,79% para produtos administrados. A coordenadora de pesquisa e desenvolvimento do Ipead, Thaize Martins, destacou que o resultado é atípico para o mês de junho e pode influenciar uma tendência de inflação acima da meta prevista para o fim do ano. “Apesar da previsão de alta devido à energia elétrica, a inflação de junho assustou. Com essa alta, a inflação do ano fica comprometida e muda o cenário de previsão de se manter abaixo da meta de 4,5%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice já está em 5,35%”, afirmou Martins. Confiança – Resultado da opinião dos consumidores em relação a diversos aspectos conjunturais capazes de afetar suas decisões de consumo no curto, médio e longo prazo, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte para junho deste ano alcançou a marca dos 35,37 pontos, apresentando queda de 4,22% na comparação com o mês anterior. O índice permanece abaixo dos 50 pontos, nível que separa o pessimismo do otimismo. Entre os componentes do ICC, o Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou aumento de 1,83% em relação a maio, com percepção negativa de -9,18% em relação ao item inflação e alta de 12,33% do item emprego. O Índice de Expectativa Financeira (IEF) registrou queda de 7,54% na comparação mensal, tendo como principal contribuição o item situação financeira da família em relação ao passado, com variação negativa de -9,58% no mês. Na avaliação de Thaize Martins, a queda do ICC demonstra o pessimismo dos consumidores em junho, principalmente nas expectativas relacionadas à inflação e à situação financeira da família, que apresentaram piora na percepção. Esse contexto, segundo Martins, pode ser relacionado, principalmente, às consequências da paralisação nacional dos caminhoneiros. “Os números refletem o cenário do mês, influenciado pelos efeitos da paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, além da elevação de preços no início de junho e outros aumentos anunciados”, explicou a coordenadora de pesquisa do Ipead. Cesta básica – A variação positiva do IPCA também causou impactos no custo da cesta básica, que representa os gastos de um trabalhador adulto com alimentação. O valor apresentou forte elevação, de 6,94%, na passagem de maio para junho e foi de R$ 410,93, o equivalente a 43,07% do salário mínimo. O custo foi puxado, principalmente, pelos aumentos da batata (47,42%), da banana-caturra (36,83%), do açúcar cristal (7,48%) e do feijão carioquinha (6,73%). Martins avalia que a falta de produtos provocada pela greve dos caminhoneiros também refletiu nesse resultado. “O desabastecimento causado pela paralisação fez com que houvesse repasse para o consumidor com aumento de preços nos produtos”, disse.
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