Entidades de classe comemoram recriação do CNDI

O governo brasileiro reativou, em abril, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), após sete anos paralisado, visando debater e elaborar uma nova política industrial para o País, com foco em inovação, sustentabilidade, competitividade e responsabilidade social. Na última semana, a União estabeleceu 21 instituições da sociedade civil que vão compor o colegiado ao lado de 20 ministérios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre as instituições participantes do colegiado, estão o Instituto Aço Brasil, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, dirigentes das três entidades celebraram o convite para compor o CNDI e destacaram a sua importância.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que a instituição se sente honrada em participar. Ressaltou também que das 14 entidades que compõem a coalizão indústria, 12 fazem parte do CNDI, sendo oito membros titulares e quatro convidadas.
“Por que isso é extremamente importante? Porque a agenda da indústria do aço está perfeitamente em sintonia com a agenda da coalizão indústria. Então, fundamentalmente, temos a expectativa de que no âmbito do CNDI, a gente continue tratando das questões prioritárias para o setor e para a indústria como um todo”, afirmou.
Já o presidente da Abimaq, José Velloso, disse que a volta do CNDI foi uma excelente iniciativa. Isso porque o Brasil está carente de política industrial e atravessa, há bastante tempo, um processo de desindustrialização, se mostrando um País ruim para negócios, devido ao alto custo de se produzir por aqui e do pouco estímulo dado aos empresários. Ainda ressaltou que a indústria de máquinas se faz presente em quase todos os setores e que o setor industrial é um pilar fundamental para o crescimento da economia brasileira.
“O Brasil entrou em um processo de desindustrialização precoce. Precoce porque o Brasil não melhorou sua renda e brasileiro tem uma renda baixa. É um País pobre, que precisa de geração de empregos de qualidade, que tenham melhores remunerações e que tenham mais tempo de estudo, e também em um setor que tenha mais inovação. Isso tudo você só consegue na indústria”, salientou.

Enquanto isso, o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, destacou que a inclusão do setor mineral no CNDI é uma conquista tanto para a atividade quanto para o País. Conforme ele, o setor extrativo mineral está alinhado com importantes questões como a sustentabilidade ambiental. E investirá entre 2023-2026 cerca de US$ 50 bilhões, especialmente em minerais críticos na transição para uma economia de baixo carbono, e que esta não existirá sem o setor mineral.
“Celebramos essa inclusão como algo muitíssimo importante para o setor, mas não só para ele, mas também para o Brasil e para o próprio futuro da humanidade, até porque o País tem um potencial extraordinário para abastecer o mundo no que diz respeito aos minerais estratégicos. Sem eles não há transição possível, nem solução para a crise do clima”, disse.
Recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial
No decreto de recriação do CNDI ficou definido que compete ao comitê executivo, fórum técnico do Conselho, composto apenas por representantes governamentais, diversas tarefas. Caberá a eles, por exemplo, propor diretrizes e medidas para a melhoria da produtividade e da competitividade da indústria nacional e do ambiente de negócios nacional.
Na primeira reunião do comitê, em maio, os membros determinaram um conjunto de sete macrodesafios a serem enfrentados pela política industrial a ser elaborada. As missões como foram chamadas foram estabelecidas a partir dos grandes problemas sociais e de desenvolvimento brasileiro. O grupo também decidiu sobre a divisão das atividades do colegiado por grupos temáticos, cada um relacionado a uma missão específica.
Os macrodesafios do CNDI são os seguintes: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para erradicar a fome; complexo da saúde resiliente para a prevenção e o tratamento de doenças; infraestrutura sustentável para a integração produtiva; transformação digital da indústria; descarbonização da indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia; tecnologias críticas para a soberania e a defesa nacionais; e moradia e mobilidade sustentáveis para o bem-estar nas grandes cidades.
Confira as 21 instituições integrantes do CNDI
Além da Abimaq, do Ibram e do Instituto Aço Brasil, integram o CDNI as seguintes instituições: Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia); Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim); Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea); Grupo FarmaBrasil; Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast); Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic); Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib); Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee); Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi); Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi); Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil); Embraer S.A.; Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom); União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única); Central Única dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical; União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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