Extinção do Aeroporto Carlos Prates preocupa

O encerramento das atividades do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte, vai provocar o fechamento de 15 empresas e cerca de 500 postos de trabalho. É o que ressalta o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velásquez. Segundo ele, o término das operações, previsto para o dia 31 de março, ainda vai impossibilitar a formação anual de 1.000 alunos em média nas escolas de aviação que funcionam no local.
Conforme Velásquez, o Aeroporto da Pampulha, citado por governantes como um possível destino para as atividades do Aeroporto Carlos Prates, não é uma opção viável. De acordo com ele, não existem hangares disponíveis no local, além de os preços serem “exorbitantes”, por se tratar de um terminal com foco no tráfego de aeronaves da aviação executiva.
“Primeiro deveria ser feito um estudo de viabilidade para depois se cogitar algo assim. A aviação geral de Minas vai sofrer um impacto enorme de desemprego na área e de aviões a menos no Estado. O Aeroporto Carlos Prates é o aeroporto para isso. Temos, por exemplo, médicos que decolam daqui para atender cidades do interior. Para onde eles vão?”, questiona.
Procurada pela reportagem para saber se o Aeroporto da Pampulha está se preparando para atender à provável demanda do Aeroporto Carlos Prates, a CCR Aeroportos, administradora do terminal, afirma, em nota, que o aeródromo “não possui nenhuma restrição operacional para atender qualquer demanda de voo de aviação geral”.
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A concessionária ainda reforça no texto que “trabalha diariamente para aprimorar a infraestrutura e as condições operacionais do aeroporto, conforme obrigações estabelecidas no contrato de concessão e em atendimento a todos os requisitos legais, ambientais e de segurança operacional”.
Propostas para o local
Criado em 2019, com o objetivo de defender a permanência das atividades do Aeroporto Carlos Prates e mostrar ao poder público a importância do local, a Associação Voa Prates tem propostas para o desenvolvimento do aeródromo. Segundo Velásquez, um dos projetos visa à construção de um Museu Interativo de Aviação no espaço, algo inédito no Brasil.
“Temos dentro do aeroporto um dos maiores colecionadores de aviões do Brasil. Ele tem cerca de 30 aeronaves históricas da Primeira Guerra Mundial e da Segunda Guerra Mundial em condição de voo. O plano dele é fazer aqui no Carlos Prates um museu interativo com essas aeronaves, no qual alunos de escolas públicas e privadas pudessem conhecer essa história da aviação, familiarizar e até se apaixonarem, quem sabe”, destaca.
Outra ideia seria a implementação de um hospital de emergência e transplante, com acesso interno ao aeroporto. A solução possibilitaria transformar o Hospital Alberto Cavalcanti em uma referência de pronto socorro acessível por transporte terrestre ou aéreo, recebendo acidentados tanto da Grande BH quanto de cidades do interior. Esses pacientes normalmente são levados pela Polícia Militar e Bombeiros para o Aeroporto da Pampulha.
“Imagina um órgão para fazer transplantado ou um paciente grave. Ele tem que chegar na Pampulha, mudar de um helicóptero para uma ambulância, atravessar metade da cidade até chegar ao Hospital João XXIII. Aqui, esse pessoal pousaria e, em dois minutos, estaria dentro de uma sala de cirurgia ou dentro de uma sala de transplante. É um case único mundial que temos a possibilidade de fazer dentro do aeroporto”, salienta.
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