Fabricantes de vestuário de MG esperam recuperação

A retomada da vida social é a esperança da indústria do vestuário, conforme analisa o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Rogério Vasconcelos. O setor, que, segundo dados da entidade, acumulou perdas de cerca de 30% durante os últimos dois anos, espera agora que as vendas das coleções de outono e inverno tenham boa saída na temporada que se inicia nos próximos dias. Caso o cenário de vendas do comércio seja positivo, a indústria poderá, então, pensar em uma retomada de crescimento real.
Segundo ele, o setor está se recuperando dos impactos da pandemia. “Nestes primeiros dois meses e meio, como existiu uma mudança de coleção, estamos percebendo uma boa recuperação. Mas o que não sabemos é se isso vai se manter. As fábricas venderam bem em dezembro para o comércio, mas agora precisamos ver se no Minas Trend Preview de abril teremos boa saída para o comércio novamente”, conta Vasconcelos.
As vendas que marcaram o início da recuperação da indústria do vestuário mineira foram concluídas em dezembro de 2021, quando o comércio renovou os estoques para abrigar as coleções da temporada de temperaturas mais amenas que se iniciam no próximo mês e, costumeiramente, se encerram com a chegada da primavera, em setembro – ou final de agosto.
Ainda segundo o presidente do Sindivest-MG, o que permitiu essa virada de chave de um setor que amargava perdas constantes foi a retomada da vida social. Com o fluxo de pessoas aumentando e a vida aos poucos voltando a patamares pré-pandemia, em meio ao avanço da vacinação e a redução dos casos da Covid-19, as pessoas investem mais em peças de vestuário. As roupas, no entanto, não são vendidas apenas para ocasiões como casamentos ou formaturas, mas até mesmo daqueles itens mais casuais, para encontros do cotidiano.
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“A volta dos eventos é muito importante para a indústria do vestuário. As pessoas quando saem, querem vestir roupas novas. Até mesmo para ir a restaurantes essas vendas acontecem. Outro ponto importante são as viagens. Com o dólar em patamares mais altos, as pessoas escolhem comprar roupas internamente, porque antes compensava fazer essa compra em outros países, mas agora não”, avalia Rogério Vasconcelos.
Desafios de 2022
Com uma retomada que depende do desempenho do comércio e, consequentemente, do poder de compra da população mineira que está reduzido em meio às constantes altas inflacionárias, além de depender dos resultados do varejo ao longo do ano, a indústria tem desafios internos com os preços dos insumos. “Os materiais estão subindo muito. O dólar ainda está muito alto, os tecidos também, como o algodão. O transporte também está muito caro e influencia muito no preço dos insumos do vestuário. Os reajustes trazidos nas convenções de trabalho também devem trazer um impacto muito grande, com o aumento de 10,2%. Não há como não haver repasse para os produtos”, aponta o presidente do Sindivest-MG.
Novas contratações
Apesar dos reajustes de recomposição salarial mediante a inflação acumulada no ano passado, as indústrias estão em um período de alta contratação desde o final do ano passado. O movimento ocorre para suprir as necessidades de entregas da coleção, que deve chegar em abril nas lojas até o consumidor final. E não é só: com os períodos de baixa na produção, as empresas voltam agora a ampliar a capacidade das fábricas, ainda que a realidade não seja superior aos quantitativos de 2019. Mesmo sem o crescimento real, as empresas contratam com a expectativa da coleção primavera e verão de 2022.
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