Inflação atinge 1,88% em apenas 2 meses na RMBH

12 de março de 2022 às 0h30

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Os elevados reajustes nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobras na quinta-feira tendem a impulsionar a escalada inflacionária | Crédito: REUTERS/Adriano Machado

A meta para a inflação fixada pelo Banco Central neste ano é de 3,50%. O valor, projetado a nível nacional, é uma expectativa para a inflação acumulada mensalmente. No entanto, somente no primeiro bimestre, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) já bateu a marca de 1,88%, sendo que, somente em fevereiro, a variação positiva foi de 1,07%.

A inflação nos meses de janeiro e fevereiro corresponde, portanto, a mais da metade do valor fixado para o ano. Em todo o País, a inflação acumulada é de 1,56% no mesmo período de referência, conforme mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Com a entrada de novos reajustes nos preços dos combustíveis e no gás de cozinha, a tendência é de que o mês de março também seja de inflação. Mas não é só. De acordo com o coordenador da pesquisa do IBGE em Minas Gerais, Venâncio da Mata, os efeitos da invasão russa à Ucrânia ainda não foram sentidos no fechamento de fevereiro, e, assim como os combustíveis, os eventuais reflexos devem influenciar os índices de março. 

Certamente a guerra poderá afetar nos próximos meses, principalmente se houver mais aumentos no preço do barril do petróleo. As sanções reduzem a oferta do petróleo no mundo, já que a Rússia é uma produtora do recurso”, apontou Venâncio da Mata. 

Mas o que pesou a inflação em fevereiro se o item transporte, no qual estão os combustíveis, não foi o vilão da vez? Os destaques do mês foram aqueles subitens presentes nos grupos da educação e de alimentação e bebidas. Ainda de acordo com Venâncio, a educação tipicamente figura como a principal responsável pelas altas históricas do período.

“Nesta época do ano, existem os reajustes escolares, e eles acontecem tanto no ensino superior, quanto no fundamental, no médio e na pré-escola. É comum ter esse avanço em fevereiro. E o ensino superior é o subitem que tem mais peso no consumo das famílias”, explica o coordenador da pesquisa do IBGE Minas. 

Forte impacto

Somente o grupo da educação apresentou, em fevereiro deste ano, uma alta de 6,22%, seguido pelos artigos de residência (1,91%) e alimentação e bebidas (1,56%). No comparativo com fevereiro de 2021, o salto no caso do grupo de educação foi de 3,39%, o que demonstra que os reajustes de 2022 estão, especificamente neste item, se aproximando do dobro da inflação. No item de alimentação e bebidas, comum ao consumo básico de todas as famílias, a alta de 1,56% neste ano está basicamente relacionada ao período de chuvas intensas em Minas Gerais e outras regiões produtoras de alimentos no País. 

“A alta na alimentação é explicada principalmente pelas condições climáticas. O aumento de alimentos e bebidas está quase sempre relacionado com a oferta dos produtos, e qualquer diferença no clima causa escassez de certos itens, e isso faz com que os preços aumentem”, explica Venâncio. 

A cenoura é o alimento que mais representa a alta, já que, de forma isolada, teve avanço de 73,63%. As hortaliças e verduras, como a couve, também subiram expressivamente, com variação positiva de 24,39%, e são seguidas pela batata inglesa (15,43%), o feijão carioca (9,07%), o tomate (8,52%), além de frutas (3,32%) e o leite longa vida (2,89%). 

Bolso do consumidor

As elevações de preços registradas, principalmente em itens de consumo básicos, refletem uma realidade que afeta toda a economia: a redução do poder de compra dos brasileiros e mineiros. 

“O que a gente percebe é que a inflação reduz o poder de compra das pessoas e muitas não têm a capacidade para se proteger por meio de aplicações. A maior parte da população não tem reservas. Pelo contrário, existe uma porcentagem alta de pessoas inadimplentes. E isso prejudica bastante o orçamento das famílias. Com a elevação da inflação, o Banco Central eleva também o custo para os empréstimos e toda a economia é afetada”, explica Venâncio da Mata. 

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