Falta de competitividade energética pode atrasar em 2% o crescimento anual do País

Os aumentos constantes da conta de energia elétrica têm impactado no setor produtivo e também no poder de compra das famílias. Reformular as discussões, ampliando a participação dos setores produtivos, como a indústria, e também a sociedade aliado à redução de subsídios e retirada de gastos que deveriam estar no orçamento do governo federal, e não nas contas, permitiriam que o País tivesse uma energia elétrica mais competitiva. O aumento da competitividade resultaria no maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), alta esta que pode chegar a 2% ao ano.
O assunto foi discutido, hoje (13), durante o Congresso de Energia, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). O evento abordou diversos temas, entre eles a transição energética, descarbonização, políticas públicas e novas tecnologias.
Um dos principais convidados, o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Livres, (Abrace), Paulo Pedrosa, apresentou o estudo “Os impactos dos preços de energia no desenvolvimento do País”.
Segundo Pedrosa, é importante que ocorram mudanças no setor. O estudo mostrou que, hoje, o custo com a energia retira 20% da renda de uma família de classe baixa no Brasil.
Além disso, o gasto com energia para algumas empresas chega a representar cerca de 40% do custo da produção, impactando, de forma direta, os setores produtivos.
“A crise industrial, parcialmente causada pelo aumento das despesas com energia, refletiu-se na perda de dinamismo do crescimento econômico. A queda da produção industrial não apenas conteve a taxa de expansão do PIB, como reduziu a demanda por bens e serviços intermediários não produzidos, deixando de gerar renda e emprego”, explicou.
Ainda segundo Pedrosa, o estudo mostrou que se o Brasil fosse mais competitivo energeticamente, o País cresceria 2% a mais por ano.
“Em 10 anos, seria como ganhar um outro estado de Minas Gerais no Brasil em termos de desenvolvimento. A energia cara custa o desenvolvimento do Brasil e retira empregos. Caso seja competitiva, seriam 7 milhões de empregos gerados em 10 anos”, disse.
Para que isso aconteça, será preciso fazer mudanças. Uma delas, segundo Pedrosa, seria tirar o debate sobre energia de dentro do setor de energia e trazer para o setor industrial, para a sociedade.
“É preciso discutir mais amplamente. O estudo mostrou que 4% de um caderno é energia, que 33% do custo do litro de leite ou do quilo de carne é energia. Se o Brasil reduzir o preço da energia em 28%, o País ganha 2% de crescimento a mais, gerando mais renda para as famílias. Além de ampliar os setores discutindo a energia, para que o preço caia, será necessário parar de adicionar novos custos na conta de energia”.
Também seria necessário desmontar os subsídios do setor, que são crescentes. “Isso não vai acontecer rápido, necessita de tempo. Mas é importante”.
Outra ação necessária é promover a eficiência e a competição entre as empresas. “O setor de energia é cheio de cercadinhos vips. É preciso colocar as empresas para competir”.
Por último, segundo Pedrosa, é preciso separar o papel do consumidor e do contribuinte.
“Hoje, o consumidor está pagando na conta de energia coisas que são do governo e deveriam ser pagas por ele. São custos de políticas públicas escondidos na conta de energia e o certo é que estes custos ficassem no orçamento do governo”.
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