Economia

Faturamento da indústria do aço recua 2,1% de janeiro a setembro de 2025

Segundo especialista, a indústria do aço teve um faturamento menor por não conseguirem ajustar preços ao longo do ano
Faturamento da indústria do aço recua 2,1% de janeiro a setembro de 2025
Foto: Adobe Stock

A indústria siderúrgica brasileira registrou um faturamento de cerca de R$ 123,1 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, conforme dados do Instituto Aço Brasil (IABr). O resultado representou uma queda de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor faturado no mercado interno chegou a R$ 93,7 bilhões, alta de 2,2%, enquanto no externo atingiu R$ 28 bilhões, decréscimo de 14,7%. Já o montante alcançado com outros tipos de receitas foi de R$ 1,4 bilhão, avanço de 19,9%.

O analista de investimentos da plataforma AGF, Pedro Galdi, avalia que o recuo no faturamento do setor veio da impossibilidade de as usinas ajustarem preços ao longo do ano. A concorrência com o aço importado, de menor valor, impediu reajustes das siderúrgicas.

Segundo o especialista, como as margens continuam pressionadas, o que as empresas têm executado para contornar a situação é reduzir custos, despesas operacionais e programas de investimentos ou diminuir o quadro de pessoal, como no caso da Gerdau.

“Não acredito que as coisas irão melhorar, a menos que realmente venham as medidas protecionistas”, afirma. “Lembrando que as usinas pleiteiam isso com o governo federal há mais de um ano e, até o momento, nada foi feito”, pondera.

Bobinas de aço
Foto: Divulgação Aço Brasil

Enquanto aguardam ações de defesa comercial mais efetivas, a siderurgia nacional observou as importações subirem 9,7% nos três primeiros trimestres de 2025, ante igual intervalo de 2024. O volume de aço que entrou no mercado brasileiro foi de 5,1 milhões de toneladas, dos quais 3,1 milhões de toneladas, 61,1%, foram enviados pela China.

Somente de aços especiais-ligados, os desembarques cresceram 273,2%, para 987,2 mil toneladas. Dentro dessa categoria, as compras de chapas e bobinas de outros aços ligados do exterior totalizaram 714,6 mil toneladas, refletindo um aumento significativo de 583%

Setor acelera volume de exportações, mas receita cai

As importações avançaram, mas as exportações também. De acordo com os números da entidade, no acumulado dos primeiros nove meses, os embarques chegaram a 7,8 milhões de toneladas, acréscimo de 2,4% na comparação ano a ano. Os Estados Unidos (EUA), embora tenham colocado uma sobretaxa para o aço brasileiro que entra no país, responderam pela maior parte dos envios, 5,1 milhões de toneladas, 65,6%.

Outros mercados também tiveram destaque, como a Argentina, que recebeu 522,9 mil toneladas, 6,7%, e o Peru, com 266,7 mil toneladas, 3,4%. Conforme Galdi, desde que o governo norte-americano anunciou tarifas sobre o produto do Brasil, em fevereiro, as usinas nacionais passaram a buscar novos mercados fora dos EUA.

Na contramão do volume, o valor exportado pela indústria do aço retraiu 10,8% no mesmo comparativo. A receita com as exportações no período foi de US$ 5,4 bilhões.

Siderúrgicas pagam mais impostos e mantém quadro de colaboradores

Ainda segundo o Aço Brasil, as siderúrgicas pagaram R$ 21,2 bilhões em impostos nos três primeiros trimestres de 2025, cifra 3,6% superior à de igual intervalo do último ano. Foram R$ 10,1 bilhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), R$ 2,2 bilhões de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e R$ 8,8 bilhões de outros tributos.

Quanto ao quadro de colaboradores, apesar da situação negativa diante das importações, o setor praticamente manteve o número, fechando setembro com 118.273 empregados. No mesmo mês de 2024, eram 118.406 funcionários, variação de apenas 0,1%.

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