Economia

‘Como se perdesse um filho’, desabafa sócia e herdeira do Bolão após fechamento

Nas redes sociais, frequentadores expressaram o apego ao ponto histórico da esquina da Rua Mármore com a praça
‘Como se perdesse um filho’, desabafa sócia e herdeira do Bolão após fechamento
Foto: Google Maps

Com a casa cheia, o restaurante Bolão encerrou, no último domingo (26), as atividades no casarão em frente à Praça Duque de Caxias, no Santa Tereza, onde funcionou por mais de meio século. A despedida reuniu antigos clientes e moradores do bairro, que formaram fila para saborear o tradicional macarrão à bolonhesa e o lendário “Rochedão”.

Para a sócia do restaurante, Karla Rocha, o fechamento representa o fim de um ciclo importante da família. “Não está fácil. O sentimento é de um filho perdido”, afirmou. Segundo ela, o imóvel passará por reformas a pedido do proprietário, e a equipe busca um novo endereço para reabrir.

Nas redes sociais, frequentadores expressaram o apego ao ponto histórico da esquina da Rua Mármore com a praça. “Cresci vendo o Bolão fechar o bar e a gente ali, batendo papo de portas fechadas. Muito triste”, escreveu um morador. Outra cliente lembrou os momentos vividos no restaurante. “Espero que o recomeço seja de sucesso. Já tive muitos momentos bons ali.”

64 anos de história

A trajetória do Bolão começou em 1961, quando Dona Maria e Seu Rocha, vindos de Ponte Nova, abriram uma pequena venda de salgados ao lado do Cine Santa Tereza. Pouco tempo depois, o casal mudou-se para o outro lado da praça e criou um dos bares mais conhecidos da capital mineira.

Foi nesse espaço que o filho do casal, José Maria, conhecido como Bolão, aprendeu com uma vizinha a receita do espaguete que se tornaria símbolo da madrugada belo-horizontina. O prato, inicialmente servido a taxistas e médicos de plantão, ganhou fama entre boêmios, músicos e artistas, transformando o restaurante em ponto de encontro de gerações.

Durante décadas, o Bolão funcionou 24 horas por dia, servindo moradores e visitantes de Belo Horizonte que buscavam uma refeição depois dos shows e festas no bairro. Até 2014, a casa manteve o atendimento ininterrupto, preservando o ambiente popular que unia pessoas de diferentes perfis e histórias.

Novo ciclo

Hoje, a terceira geração da família, representada pelos irmãos Karla e Carlos Henrique Rocha, mantém o legado do negócio e garante que o encerramento no casarão não significa o fim da marca. Em comunicado, os sócios afirmaram que o Bolão “inicia agora uma nova fase, repleta de propósito e renovação”.

“O espaço passará por reforma, e nós seguimos firmes, buscando um novo lar para continuar a escrever essa história que é parte da própria história de Belo Horizonte”, diz o texto.

A localização da nova unidade ainda não foi divulgada. Enquanto isso, a promessa da família é que a essência permaneça: o mesmo sabor, a mesma alma e a autenticidade que transformaram o Bolão em um símbolo da cidade.

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